Mário André Rafael, formado em informática de gestão, é um dos mais notáveis rostos do mercado de Tecnologia de Informação em Angola na última década e meia. Com o nome associado a várias marcas, das quais é criadora, como a agora bem conhecida Check-in.AO, onde é o Chief Executive Officer, Mário, profissional eclético que tem um know-how diversificado, nasceu em Portugal, na década de 80 do século XX. Contava com 4 anos quando se tornou órfão de pai e mãe e viu-se associado à Aldeia de Crianças SOS, em Gaia, perto do Porto, a “maior instituição de solidariedade privada do mundo”, que também está representada em Angola, nas províncias do Huambo, Benguela e Huíla.
A visão de negócio e estaleca para a tecnologia despertou-lhe desde muito cedo, ainda com os seus 15 anos, mas foi aos 19 anos que montou uma empresa, já com clientes.
“E eu aí já fazia software, já fazia as minhas coisas, a brincar, nessa altura já tratava, já na instituição me contratavam para eu fazer, já naquela altura lancei logo um software. Já vem daí a máquina a andar, e depois é o processo normal e natural das coisas”, revela.
Viajar para África e a Ásia era um dos sonhos que Mário nutria. Em Fevereiro de 2009, chegou a Angola e fixou-se por dois anos na então província do Cuando Cubango, para trabalhar no processo de registo eleitoral. Na mudança, a personalidade moldada na Aldeia de Crianças SOS foi determinante para resistir às dificuldades encontradas numa província em que, com 7 anos de paz efectiva, era tida como ‘esquecida’, onde faltava água, a luz eléctrica era dependente de gerador, o combustível muitas vezes faltava, não havia asfalto e a oferta de produtos de alimentação também não era o que estava habituado. “Foi muito difícil”, explica.
Estas questões, sobretudo, geraram incertezas quanto a permanecer em Angola, mas falou mais alto o sonho de estar em África. É assim que em 2011 mudou-se para uma empresa ligada a projectos, onde actuava como responsável comercial para o País inteiro. Mas o grande ponto de viragem para a sólida carreira conhecida hoje deu-se em 2015, quando entendeu que era a altura de montar a sua própria empresa, criando soluções locais para problemas locais.
“Montei a minha primeira empresa. Agora fazemos várias coisas, somos diversificados, temos empresas em vários sectores. Posso dizer que nós digitalizamos a parte das lojas de conveniência e postos de atendimento da Sonangol. Nós é que damos suporte para o País inteiro. Temos quase 200 postos assistidos por nós. Nós é que digitalizamos as lojas, a placa, para as pessoas terem facturas, para estarem certificadas. É tudo o nosso sistema”, explica Mário Rafael.
Pensar, evoluir, dar respostas tempestivas e a aposta na formação são algumas palavras de ordem para o homem que trabalhou na base e trouxe à luz a conhecida empresa Check-in Ao, em 2023, na sequência de uma conversa mantida em 2022, no Club S, por sinal o primeiro consumidor desta solução tecnológica.
“O check-in nasce daí. O primeiro cliente é o Club S. Eles precisavam de uma solução e nós desenvolvemos. Então, nós temos uma ferramenta profissional que neste momento estamos a preparar para levar para fora. Nós já temos clientes para vender em Portugal e em Moçambique”, confidencia.
Mas a história de vida de Mário André Rafael traz outras novidades. Por exemplo, não fossem as lesões no joelho, talvez no lugar do profissional eclético Angola e o mundo conheceria uma ‘estrela’ do futebol jogado na quadra, o famoso futsal. O amor ao futebol, que nutria desde muito pequeno, levou tempo para se ‘esfriar’, sendo que, depois de sentir o ‘bloqueio’ das lesões, tentou contornar a realidade e apostou na formação profissional de treinadores.
Nomes como os de Oliveira Gonçalves, antigo seleccionador dos Palancas Negras, João Figueiredo, agora comentador desportivo e antigo capitão dos Palancas, e Nuno Espírito Santo, actual treinador do Nottingham Forest, da primeira liga inglesa de futebol, constam da lista de colegas de Mário Rafael.
Além disso, quando veio a Luanda trouxe consigo a academia de futebol do Benfica, no Sumbe, província do Cuanza Sul, 100% social. Mas, por feliz ou infeliz coincidência, outra vez viu-se distante de um sonho que parece nunca querer morrer. Desta vez foi implicações da pandemia da Covid-19 que o penalizaram.
“Era uma coisa que eu gostava de fazer. Tinha tempo. Nós tirámos 100 miúdos da rua. A única regra que tínhamos era aproveitamento escolar. Os nossos miúdos tinham todas boas notas. Formámos. Os dois melhores levámos a Portugal. 15 dias no Benfica-Campos. Um deles foi eleito um dos melhores jogadores”, acrescenta.

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