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"Angola avançou em conectividade e digitalização, mas ainda tem um fosso enorme em talento"

André Samuel
13/11/2025
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Foto:
Carlos Aguiar

Yara Mupei, directora de Desenvolvimento de Capital Humano da TIS,, fala sobre o desafio invisível que compromete a competitividade.

A economia digital africana está avaliada em 180 mil milhões USD até 2025 (Google/IFC). Que lugar ocupa Angola neste cenário?

Angola avançou em conectividade e digitalização, mas ainda tem um fosso enorme em talento. Sem quadros preparados, os investimentos em tecnologia ficam subaproveitados. A infra-estrutura cresce, mas o capital humano não acompanha.

Onde é que a escassez émais evidente?

Em três áreas: competências digitais gerais, cibersegurança e compliance regulatório. Mais de70% das empresas angolanas relatam dificuldade em contratar perfis tecnológicos e cerca de 60% recorrem a consultores externos para funções críticas.

Que impacto isso tem na economia?

Representa perda de competitividade. O Fórum Económico Mundial mostra que 63% dos empregadores vêem a falta de competências digitais como barreira crítica e 85% planeiam investirem formação. Não investir em talento é abrir mão de receitas, inovação e resiliência.

Globalmente,95% das falhas envolvem erro humano. Em África, 87% dos empregadores nigerianos já reportam falta de especialistas em redes e segurança. Angola não foge a esta realidade.

Mas os jovens não chegam ao mercado com facilidade em tecnologia?

 O uso de redes sociais não é literacia digital profissional. Falta capacidade de programar, gerir dados ou prevenir ataques. É como saber conduzir, mas não compreender o motor.

A cibersegurança é hoje o maior risco?

 Sem dúvida. Globalmente,95% das falhas envolvem erro humano. Em África, 87% dos empregadores nigerianos já reportam falta de especialistas em redes e segurança. Angola não foge a esta realidade.

E o compliance digital?

É cada vez mais relevante. A Lei de Proteção de Dados e a obrigatoriedade da facturação electrónica exigem profissionais preparados. Quem não tem estes quadros expõe-se a multas e perde credibilidade no mercado.

O que as empresas podem fazer já?

Três passos: investir em formação contínua dos colaboradores, alinhar essa formação com o negócio e apoiar centros de excelência locais em cibersegurança e compliance.

Existem exemplos africanos que podem inspirar Angola?

Sim. A África do Sul lançou em 2025 com a Microsoft um programa para formar 1 milhão de cidadãos em IA e cibersegurança até 2026. O Quénia já exporta talento digital para outros países. Estes casos mostram que agir cedo cria vantagem competitiva.

Qual o papel das universidades angolanas?

Fundamental. Mas precisam actualizar currículos e aproximar-se das empresas. O ensino deve preparar para competências aplicadas, não apenas teóricas.

E a TIS?

Somos a ponte entre tecnologia e negócio. Ajudamos empresas a ligar formação e adoção digital a resultados económicos, preparando equipas para competir regionalmente. Queremos que TIS seja sinónimo não apenas de inovação, mas de preparação de talento.

Quais as prioridades para os próximos cinco anos?

Educação tecnológica desde cedo, requalificação contínua nas empresas e centros de excelência em cibersegurança e compliance. Sem isso, Angola será consumidora, não produtora de inovação.