Líderes governamentais e do segmento empresarial, parceiros institucionais, especialistas e operadores do sector da aviação civil de África debatem, entre hoje e amanhã, em Luanda, os desafios do sector no continente. No centro das discussões está um desafio que as operadoras aéreas do continente lutam para vencer: quebrar as barreiras à interconectividade intra-africana.
Este desafio marcou, aliás, as intervenções no primeiro dia da Cimeira da Associação Africana das Companhias Aéreas (AFRAA). A propósito, Jorge Bengue, secretário de Estado para os Transportes Terrestres, disse que nenhum africano se orgulha com o facto de que, para fazer algumas viagens dentro do continente, tenha de ir à Europa e, depois, fazer a ligação de volta para África.
O governante, que proferia o discurso de abertura da cimeira que marca, igualmente, a 57.ª Assembleia-geral Anual da AFRAA, augurou que os Estados africanos continuem a construir um continente cada vez conectado, com reguladores e companhias aéreas “fortes, uma África, acima de tudo, interligada”, onde a mobilidade entre os países deixe de ser um desejo e passe a ser uma “realidade efectiva”.
Para que isso aconteça, Jorge Bengue apelou à criação pelos Estados africanos de um ambiente de negócio “necessário e favorável”, no sentido de o mercado da aviação civil no continente ver emergir transportadoras aéreas “mais robustas, mais capazes”, à altura das “reais ambições”.

Os países africanos, acrescentou o secretário de Estado angolano para os Transportes Terrestres, devem acelerar a implementação do Mercado Único Africano de Transporte Aéreo para facilitar a mobilidade no continente e dinamizar a rede de ligação intra-africana.
Em relação a Angola, Jorge Bengue disse que o país “acredita firmemente” que o futuro do sector da aviação civil no continente será definido pela “capacidade colectiva de transformar desafios complexos em oportunidades de crescimento partilhado”.
Já o zimbabweano Aaron Munetsi, PCE da Associação das Linhas Aéreas da África Austral, lamentou que, por falta de conectividade intra-africana, muitos dos delegados à 57.ª Assembleia-geral Anual da AFRAA tivessem de percorrer 21 horas para escalarem o solo angolano, a fim de participarem do certame.

Na sua intervenção no primeiro dia de trabalhos da Cimeira da Associação Africana das Companhias Aéreas, Aaron Munetsi afirmou que dificilmente o continente vencerá os empecilhos à interconectividade africana se os principais responsáveis do sector, particularmente os rostos que dirigem as companhias africanas, não se manifestarem comprometidos a debater o assunto.
O desabafo do responsável da Associação das Linhas Aéreas da África Austral fez mossa na sessão de estreia da cimeira após observar que, das 48 linhas aéreas que operam no continente, apenas quatro estão presentes em Luanda ao mais alto nível, através dos seus Presidentes do Conselho de Administração (PCA’s).
Aaron Munetsi disse que, paralelamente a isso, há outros desafios que se colocam à conectividade aérea em África, como o tema das infra-estruturas aeroportuárias (incluindo aviões) e as suas estruturas de apoio, além do regime regulatório vigente em muitos Estados africanos.
Com a presença igualmente de delegados de instituições mundiais ligadas ao sector, a Cimeira da instituição presidida pela companhia de bandeira angolana TAAG – assumiu a presidência rotativa para 2025 – é um espaço que visa debater e traçar as linhas de desenvolvimento do futuro da aviação no continente africano.

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