A taxa de inflação anual desceu para 16,56% em Novembro de 2025, representando uma quebra face aos 17,43% registados em Outubro. Este valor constitui o nível mais baixo observado desde Setembro de 2023, consolidando uma trajectória descendente que se verifica desde Agosto de 2024, segundo dados do Instituto Nacional de Estatistica, INE.
A desaceleração inflacionária mostra-se abrangente, afectando a maioria dos grandes grupos do Índice de Preços no Consumidor (IPC). A categoria de Alimentos e Bebidas não Alcoólicas, com um peso determinante no cabaz de consumo, viu a sua inflação abrandar para 16,87%, após 17,76% no mês anterior. Abrandamentos significativos foram igualmente observados nos sectores dos Transportes (19,80%, contra 20,39%), da Saúde (18,97%, contra 20,86%) e dos Bens e Serviços Diversos (17,83%, contra 19,06%).
Contudo, a tendência não é uniforme. Dois grupos destacaram-se pela aceleração de preços: Habitação, Água, Electricidade, Gás e Outros Combustíveis subiu para 17,23% (ante 16,52%), e as Comunicações aumentaram para 4,60% (contra 3,98% em Outubro). Em termos mensais, o IPC registou uma subida de 0,85% em Novembro, ligeiramente inferior ao aumento de 0,93% verificado no mês de Outubro.
Análise: Estabilidade Cambial como Pilar
Analistas da Trading Economic´s correlacionam a trajectória descendente da inflação, iniciada há mais de um ano, com a estabilidade da moeda nacional, o kwanza. A redução da volatilidade cambial limita a pressão sobre os custos de importação, um factor historicamente inflacionista numa economia como a angolana. Esta estabilidade monetária permite um maior controlo sobre os preços internos.
Contexto Histórico e Perspectivas
Para uma correcta interpretação dos números actuais, é crucial o enquadramento histórico. A inflação média em Angola, desde 2001, situa-se nos 31,77%, tendo atingido um pico histórico de 241,08% em Janeiro de 2001. O ponto mais baixo da série histórica foi registado em Junho de 2014, com 6,89%. Assim, a taxa actual, embora ainda elevada, inscreve-se num processo de convergência para níveis mais moderados.
As previsões para o futuro próximo apontam para uma consolidação desta tendência. Modelos macroeconómicos globais, citados pela Trading Economics, antecipam que a inflação encerre o primeiro trimestre de 2026 em torno de 16,80%. Em projecção de médio prazo, espera-se uma desaceleração adicional, com as taxas a situarem-se perto de 13,50% em 2026 e 12,50% em 2027.
A descida da inflação para 16,56% em Novembro confirma um ciclo de abrandamento sustentado, lastreado fundamentalmente pela estabilização do kwanza. Não obstante os dados positivos, as autoridades monetárias mantêm o desafio de gerir pressões pontuais em sectores específicos, como a habitação, e de conduzir a inflação, de forma irreversível, para patamares de um dígito, fomentando assim o poder de compra das famílias e um ambiente mais propício ao investimento produtivo.
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