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Namíbia: Governo cria nova companhia aérea estatal, oposição prevê repetição de colapso da Air Namibian

Victória Maviluka
17/11/2025
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Foto:
DR

Governo local anunciou, em 2021, a liquidação da Air Namibia, alegando prejuízos insustentáveis ​​superiores a cerca de 585,9 milhões de dólares norte-americano na década anterior.

O Governo namibiano vai avançar com o plano de criar uma nova companhia aérea nacional, apelidada de Namibia Air Pty Limited. A oposição política no país alerta que os namibianos poderão arcar com o custo de “mais um empreendimento fracassado” caso as lições aprendidas com o colapso da Air Namibia sejam ignoradas.

Para a concretização do plano, um conselho provisório composto por sete membros e três assistentes já foi nomeado, e a análise de mercado, a previsão de tráfego e a formulação do modelo de negócios estão em andamento, noticia o The Namibian.

“Tudo está a ser feito de acordo com a legislação societária. Estamos a seguir uma abordagem de sete fases, que abrange aproximadamente 65 tarefas”, anunciou o ministro das Obras e Transportes namibiano, Veikko Nekundi.

O governante confirmou que a Namibia Air deverá iniciar as suas operações no próximo ano fiscal, destacando a competitividade do mercado de aviação africano. Informou que a companhia aérea vai operar com uma força de trabalho concisa, baseada em habilidades e experiência, em vez de empregos anteriores, para evitar o excesso de funcionários, que era um dos principais desafios da antiga Air Namibia.

Sobre a aquisição de aeronaves para a nova companhia estatal, Veikko Nekundi disse, citado pelo portal consultado pela revista E&M, que a decisão entre leasing e compra será tomada após uma análise económica e comercial cuidadosa.

“Um dos factores que contribuíram para os desafios da Air Namibia foram os contratos de leasing dispendiosos. Garantiremos que todas as decisões sejam comercialmente viáveis ​​e sustentáveis”, assegurou o ministro das Obras e Transportes.

A Namibia Air representa, para o Governo, o esforço estratégico para retornar ao setor da aviação. No entanto, observa o The Namibian, vozes da oposição alertam que, sem uma justificativa económica clara, supervisão adequada e prestação de contas, a companhia aérea poderá repetir os erros custosos da Air Namibia.

O líder do PDM, McHenry Venaani, referiu que o Governo está a arriscar recursos públicos com o que ele chama de “uma companhia aérea egocêntrica”. Questionou os fundamentos económicos por trás do plano, apontando para as limitações geográficas do país e os repetidos fracassos de estratégias de recuperação anteriores. 

Já George Kambala, membro do AR, lembrou que o fracasso da Air Namibia não foi causado pela ideia de uma companhia aérea nacional, mas sim por má gestão, interferência política, contratos superfacturados e falta de visão. 

Enfatizou que qualquer revitalização deve concentrar-se na eficiência, no profissionalismo e na transparência, em vez do prestígio político: “Sim, revitalizar a companhia aérea é economicamente viável, mas somente se for feito de forma diferente desta vez. A localização da Namíbia oferece uma vantagem natural como ponte aérea regional, mas o público precisa questionar se as lições foram aprendidas. Antes de reativar os aviões, vamos primeiro resgatar a responsabilidade”.

A liquidação da Air Namibia

A Air Namibia, fundada em 1947 como South West Air Transport, foi totalmente nacionalizada em 1986. A companhia aérea expandiu suas operações por toda a África Austral e Europa, mas, na década de 2000, enfrentou crescentes dificuldades financeiras devido aos altos custos operacionais, excesso de pessoal e má gestão. 

As tentativas de revitalizar a companhia aérea por meio de diversas estratégias de reestruturação fracassaram, e as alegações de interferência política e má alocação de fundos agravaram os problemas.

Em Fevereiro de 2021, o Governo local anunciou a liquidação da Air Namibia, alegando prejuízos insustentáveis ​​superiores a 10 mil milhões de dólares namibianos (cerca de 585,9 milhões USD) na década anterior.

O encerramento resultou na perda de empregos para centenas de funcionários e pôs fim à conectividade aérea nacional directa da Namíbia.