O economista e coordenador do Centro de Investigação da Universidade Agostinho Neto (UAN), Fernando Wanda, considera a promoção da indústria transformadora factor chave para o crescimento e dinamização da economia.
O investigador dissertava hoje na II Edição Angola Economic Outlook referente a 2023 que debateu “O capital humano como factor decisivo para o desenvolvimento”, quando interveio no painel “O papel da indústria transformadora e construção civil na dinamização da economia”.
Para o economista, investir na indústria transformadora não pode ser uma utopia, pois o crescimento económico de alguns países deveu-se a aposta na indústria como a Etiópia e o Bangladesh.
O Produto Interno Bruto (PIB) do Bangladesh foi de 7.1 % em 2022, um aumento de 6.9% em 2021 face aos números anteriores.
Os dados de crescimento real do PIB deste país são actualizados anualmente, com uma média de 6.5% em 2007 até 2022 com 16 observações. De acordo com pesquisas feitas pela Economia & Mercado, os dados alcançaram um alto recorde de 7.9 % em 2019 e um baixo recorde de 3.4 % em 2020.
“O PIB da Etiópia estabilizou devido a aposta na indústria transformadora. É um facto que o sector da construção permite absorver mão-de-obra não qualificada”, afirmou o investigador, realçando, por outro lado, o facto de Angola ter perdido tempo por não apostar na indústria têxtil. “O Bangladesh não produz algodão suficiente”, enfatizou. No seu entender, Angola devia apostar mais na produção têxtil tão logo concluiu a reabilitação das unidades fabris em Luanda e Benguela.
No exercício financeiro de 2020-21, as exportações de vestuário pronto (RMG) do Bangladesh cresceram 12,55%, para 31,46 mil milhões USD (de 38,76 mil milhões USD em exportações totais), à medida que a procura nos principais mercados da Europa e da América do Norte começou a recuperar da crise pandémica.
O sector têxtil contribui com mais de 13% do Produto Interno Bruto (PIB) do Bangladesh. Mais de 84% das receitas de exportação provêm de têxteis e produtos relacionados com têxteis. No entanto, o país investiu cerca de 15 mil milhões USD no sector têxtil primário.