IFC Markets Live Quotes
Powered by
3
1
PATROCINADO

“A costa atlântica angolana está-se a tornar relevante nas rotas mundiais” - jornalista Henrique Cymerman

Victória Maviluka
5/7/2025
1
2
Foto:
DR

Jornalista português sugeriu que Angola começasse a traçar já os próximos 50 anos. Também palestrante, israelita Nirit Ofir descreveu as corajosas jornadas pelas causas humanitárias.

Henrique Cymerman, conhecido jornalista português, está em Luanda, e, nesta sexta-feira, 04, foi um dos rostos de uma concorrida conferência, durante a qual traçou Angola no mapa da geopolítica global: o  candidato ao Prémio Nobel da Paz pelo seu trabalho com o Papa Francisco não tem dúvidas de que “a costa atlântica angolana está-se a tornar cada vez mais relevante nas rotas marítimas mundiais”.

No encontro realizado sob o lema ‘Angola: Horizontes para um futuro sustentável’, Cymerman afirmou que, com a posição geográfica e os portos de Luanda e do Lobito, Angola pode transformar-se num corredor comercial entre países sem litoral e os mercados globais.

“E, depois, Angola tem outro grande benefício, eu diria: é a que tem laços históricos com a China, com a Rússia, com Portugal e com o Brasil, e está cada vez mais aberto ao investimento ocidental. Por isso, pode tornar-se uma espécie de ponto entre o Sul global e as potências tradicionais”, conjecturou. 

O autor de sete livros, um dos quais ‘Conversando com o Inimigo’, apresentado e autografado durante a conferência, alertou para os desafios impostos pela era da Inteligência Artificial e da cibersegurança, para quem são avanços que não reportam o “futuro”.  “Isso é presente!”, sentencia. 

Quem não entrar neste mundo imediatamente, adverte, de forma peremptória, o jornalista de 68 anos, mais de 30 dos quais ao serviço da profissão, vai ser “como os analfabetos do passado ou do presente em países como o Afeganistão”. 

Em mensagem apontada para Angola, Henrique Cymerman apelou para que o País não perca “o comboio” destas correntes tecnológicas, através do investimento em tecnologia, na educação, no empreendedorismo, a fim de transformar Angola “num centro de inovação de África e do mundo”. 

Descreve, a jeito ainda de subsídio, que é preciso educar, e considera uma “bendição extraordinária” Angola ter uma das populações mais jovens do mundo, para quem se trata de um contexto democrático do qual o País deve tirar maior proveito.

“É preciso entender que a Europa está a envelhecer a um ritmo que pode ameaçar o equilíbrio demográfico e até democrático,  porque está a provocar mudanças políticas muito importantes, uma onda de populismo na Europa, etc., porque traz imigração e tudo isso provoca uma reacção e começa uma tensão que aqui não existe”, observa.

O jornalista, conhecido, também, pela aproximação do Papa Francisco, precisa que, em Angola, está uma população “muito homogénea, muito jovem, um País com recursos, que precisa de lutar contra a pobreza, mas, sobretudo, – e insiste Henrique Cymerman – que preciso de educar os jovens para o novo mundo, para inteligência artificial, cibersegurança, tecnologia.

Visão 2075: Pensar Angola dos próximos 50 anos

A propósito dos 50 anos da Independência Nacional, a assinalarem em Novembro próximo, o jornalista das causas de paz sugeriu que Angola começasse a fazer um exercício de planificação sobre a geração com que espera contar nas próximas cinco décadas, a diversificação da economia, pensar no que vai acontecer depois do petróleo.

“Se tivesse o poder de o fazer, diria: estamos no ano 2025, marcaria um projecto que chamaria Visão 2075, que seria os 100 anos deste País. Começaria já com os melhores cérebros que há neste País, e há, eu encontro-os, vejo-os; começar a planear o que é que vai acontecer nos próximos 50 anos”, indica Henrique Cymerman.

Henrique Cymerman e Nirit Ofir (à esquerda) animaram a conferência ‘Angola: Horizontes para um futuro sustentável’

Preparar novas gerações em lugares impensáveis 

Na conferência que debateu ‘Angola: Horizontes para um futuro sustentável’, o jornalista português partilhou o palco com Nirit Ofir, especialista em cibersegurança, activista humanitária, fundadora da iniciativa Educação pela Paz, com actuação em zonas de conflito.

A também indicada ao Prémio Nobel da Paz contou, diante do olhar atento da plateia, as suas corajosas experiências humanitárias nas mais melindrosas zonas do Médio Oriente, particularmente no cuidado com crianças desfavorecidas e no investimento na sua educação, no seu futuro.

“Temos ensinado as crianças com ferramentas e lições muito simples, como fazer, por exemplo, uma apresentação no PowerPoint. Mas, agora, também temos a Inteligência Artificial, então, podemos ir mais longe, porque temos ferramentas muito simples que as crianças devem estudá-las e aprender, pois elas serão a próxima geração, e temos que as proporcionar oportunidade de desenvolver o pensamento inovador, de pensarem fora da caixa”, disse.

Nirit Ofir afirmou que a sua causa tem a levado para lugares “muito sombrios”, principalmente no Oriente Médio. Mas declara que, apesar de todas as dificuldades com que a sua fundação se depara, a assistência e educação das crianças são um compromisso como que sagrado.

A minha visão é dar a cada criança ao redor do mundo a oportunidade, a luz para seguir em frente e ver o seu próprio futuro

“Talvez seja estúpido… mas eu trabalho com meu coração, e a minha visão é dar a cada criança ao redor do mundo a oportunidade, a luz para seguir em frente e ver o seu próprio futuro”, relata, com tom e semblante que demonstram determinação.

E continua na descrição de um coração que palpita ao ritmo altruísta: “Há tantos outros lugares [sombrios], mesmo agora que estamos a olhar para a Ucrânia e outros lugares em Gaza, não temos que parar nunca com a educação! Temos o compromisso de encontrar crianças e permitir o seu desenvolvimento”.