As autoridades angolanas afirmam ter havido “forte desequilíbrio” contra os seus interesses durante a execução do acordo de transacções em moedas nacionais rubricado, em 2014, pelos Bancos Centrais de Angola e da Namíbia. Equipas técnicas trabalham, agora, num instrumento que deve levar à reactivação do protocolo de comércio entre os dois países sem que nenhuma das partes se sinta prejudicada.
O assunto foi tratado esta terça-feira, 05, em Luanda, num encontro entre o governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Manuel Tiago Dias, e o seu homólogo namibiano, Johannes Gawaxab, à margem do qual a parte angolana assegurou ser “tema do passado” a dívida contraída pelo País durante a fase de efectivação do já suspenso protocolo de transacções comerciais em moedas dos dois países.
"Esperamos que sejam tidos em consideração os interesses de ambas as partes, para evitarmos situações como as que ocorreram no passado", quando, numa operação a envolver as moedas nacionais nas transacções, se notou um “forte desequilíbrio” que levou a que Angola tivesse acumulado uma “dívida substancial”, afirmou o governador do BNA, citado pelo Jornal de Angola.
Falando à imprensa, Manuel Tiago Dias adiantou que, para se criar um mecanismo de cooperação compatível com os interesses dos dois países, foi criado um grupo técnico que tem a missão de encontrar uma solução que abra rapidamente as portas ao restabelecimento do sistema bilateral de pagamentos.
Recorde-se que, em Setembro de 2014, o Banco Nacional de Angola (BNA) e o Banco Namibiano (BON) assinaram o referido acordo com o intuito de facilitar e dar maior segurança às transacções comerciais entre os dois países, particularmente junto das zonas fronteiriças de Oshikango (no norte da Namíbia) e Santa Clara (sul de Angola).
Por altura da suspensão do protocolo, José de Lima Massano, então governador do BNA, explicou que, a dada altura e, perante as pressões que a moeda nacional foi tendo, o acordo passou a ser utilizado como um instrumento de acesso à moeda estrangeira e não de fomento da relação comercial entre os dois países.
O acordo foi, agora, revisto durante a visita de dois dias a Angola - terminou nesta terça-feira, 05 - do recém-empossado Presidente Nangolo Mbumba. Esta foi, de resto, a primeira deslocação ao exterior de Nangolo, que substituiu no cargo o falecido Presidente namibiano Hage Geingob.