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Angola pode ser 4ª maior economia de África em 2050

Redacção_E&M
20/7/2020
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Foto:
DR

Projecções do Instituto de Estudos e Segurança (ISS) indica que até 2050, Angola poderá tornar-se a quarta maior economia de África, atrás da Nigéria, África do Sul e o Egipto.

Com sede em Pretória, na África do Sul, o órgão estima, através de um relatório que o país terá, até o período em causa, um PIB nominal de 994 mil milhões de dólares, que só será superado pela Nigéria, África do Sul e Egipto.

Segundo a Angop, o estudo aponta que Angola deve ultrapassar Marrocos e a Argélia, caso supere desafios ligados à boa governação, acesso a infra-estruturas de qualidade, educação e cuidados primários de saúde.  

Intitulado "cenários do futuro de Angola 2050 para além do petróleo", o documento do ISS, de 46 páginas, apresenta cinco cenários sectoriais e prevê que aeconomia angolana venha crescer sete vezes mais do que os actuais 140 milmilhões de dólares.

Elaborado em Março último, indica a agência de notícia, sem ter em conta as repercussões da Covid-19 na economia, os dados avançam que Angola é, actualmente, a quarta maior economia de rendimento médio-baixo em África, mas pode, até 2030, superar Marrocos e a Argélia, em 2040.

Segundo o documento, citado pela Angop, que faz uma avaliação integrada de como os vários sectores (economia, infra-estruturas, energia, demografia, agricultura e saúde) podem vir a desenvolver-se até 2050, essa trajectória de crescimento começa nesta década, com taxa média anual de 4,6%.

O relatório ressalta ainda que Angola é a sexta maior economia de África e a segunda maior da SADC, mas o peso da economia, com resultados negativos desde 2016, obscurece a sua vulnerabilidade ao volátil mercado global do petróleo.

Isso tem causado prejuízos à sua economia, de acordo como documento, desde o advento da produção de petróleo de xisto em grande escala nos Estados Unidos.

Neste sentido, no âmbito da trajectória actual, prevê-se que o PIB crescerá a uma taxa média considerável de 4,6% ao ano, entre 2020 e 2030, ano este em que a economia de Angola poderá crescer para 238 mil milhões de dólares e deverá ultrapassar Marrocos, no final da década de 2020.

Com esse passo, deverá tornar-se a terceira maior economia africana de rendimento médio-baixo.

Por volta de 2040, refere o relatório, prevê-se que Angola venha aultrapassar a Argélia em dimensão económica.

Segundo o ISS, até 2050, a economia de Angola deverá aumentar para mais de 994 mil milhões de dólares – um aumento de quase sete vezes, quando comparado com o ano de 2020.

O estudo alerta que as previsões económicas de curto prazo são sombrias, tendo em conta as projecções de instituições como o FMI e Economist Intelligence Unit.

Essas instituições projectam, salientam, a título de exemplo, mais um ano de recessão, embora espere que se sigam três anos de crescimento, com base no pressuposto de que a reforma do sector petrolífero venha a atrair investimentos no campo da exploração petrolífera.

Assim sendo, em Outubro de 2019, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou as suas projecções de crescimento do PIB para Angola: –0,3% em 2019; 1,2% em 2020; e 3,8% em 2024.

Outro grande desafio apontado pelo relatório, sublinha, para recuperação económica a longo prazo, está relacionado com a gestão do elevado endividamento público, com rácio da dívida face ao PIB estar muito acima de 91%, e metade desta dívida é devida à China e garantida pelo petróleo.

Apesar dos inúmeros desafios a superar apontados pelo estudo, as perspectivas económicas a médio e longo prazo são optimistas, reflectindo o rápido crescimento futuro da população e uma maior taxa de urbanização, além de uma já grande população urbana.

Esses fenómenos tendem a gerar um aumento da produção económica e que estão intimamente ligados ao crescimento económico.

Rápido crescimento da população

Com base nas taxas de crescimento actual da população 5,6%, que vão se manter altas nas próximas duas décadas, segundo as projecções, Angola quase triplicará a sua população, passando dos actuais 32 milhões de habitantes para 80 milhões.

A população angolana está entre as cinco populações mais jovens, e de crescimento mais rápido do mundo.

Na trajectória actual, as elevadas taxas de fertilidade sustentadas continuarão a fomentar o rápido crescimento da população, o quedesacelera o potencial crescimento do rendimento.

Embora seja previsível que a taxa total de fertilidade de Angola diminua lentamente para cerca de cinco, até 2030, e 3,6 até 2050, permanecerá entre as cinco primeiras no Mundo.

Ademais, os especialistas responsáveis pelo estudo alertam que a forte dependência de Angola às exportações de petróleo bruto nãoé bom augúrio para o futuro.

Os 1,57 milhões de barris de petróleo por dia que Angola exportou em 2017 foram responsáveis por mais de 95% das suas receitas de exportação, enquanto os diamantes contribuíram com a maior parte dos restantes 5%.

O estudo destaca que Angola, apesar de décadas de crescimento registado nos últimos anos com o "boom do preço do petróleo", uma educação de qualidade e um bom nível de vida, permanece fora do alcance da maioria dos angolanos e a crise de 2014 exacerbou os já elevados níveis de pobreza extrema, particularmente nas áreas rurais.

O relatório, que se apoia em dados da Estratégia de Longo Prazo 2025, que compreende planos quinquenais sucessivos, chama a atenção para necessidade de o Governo redireccionar parte das suas despesas militares parainfra-estruturas, sobretudo na educação e saúde.

Sublinha que as elevadas taxas de desnutrição infantil e de mortalidade materna em Angola só podem ser melhoradas através da reabilitação e construção de infra-estruturas hídricas e de saneamento.

O relatório destaca que, em comparação com outros países de rendimento médio-baixo em África, Angola gasta mais de três vezes mais doseu PIB com os militares e uma parte significativamente menor em infra-estruturas essenciais (por exemplo, estradas e saneamento).

Para que Angola não corra o risco de viver novas contracções económicas, quando as reservas se esgotarem, possivelmente já em 2030, o estudo destaca a necessidade do Governo dar seguimento ao seu compromisso de diversificar a economia.