A dívida pública tem sido uma importante ferramenta para o financiamento do desenvolvimento dos países ao longo da história moderna da economia. Actualmente, dos mais de 200 países reconhecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), todos possuem um stock de dívida pública, sendo o Japão o líder, com um rácio dívida/PIB de cerca de 250%.

Angola não constitui excepção. O país tem recorrido, ao longo dos últimos cinquenta anos, ao endividamento público — externo e interno — para financiar os diferentes desafios que tem enfrentado, com destaque para a guerra (1992-2002), o processo de reconstrução nacional (2003-2014) e a gestão da dívida pública (2015-2025).

A história recente da economia angolana, entre 1975 e 2025, foi marcada por diferentes fases, em algumas das quais se verificou a falta de produção, organização, tratamento e disseminação de estatísticas que permitissem uma análise mais profunda dos factos históricos — entre os quais se enquadra a dívida pública. Entre os principais centros de produção de dados, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, a referência ao stock da dívida pública de Angola antes de 1991 é de difícil verificação. Dados da Macrotendência indicam que, em 1989, o stock da dívida pública externa estava avaliado em 7,29 mil milhões USD.

O Banco Nacional de Angola (BNA) dispõe de dados sobre o stock da dívida pública externa desde 1992, altura em que o indicador se situava em 100,4% do Produto Interno Bruto (PIB), o equivalente a 8 021 milhões USD.

Estimativas do FMI apontam que, nessa época, cerca de 75% do stock da dívida externa estava concentrado em países ocidentais, 22% em países das antigas repúblicas soviéticas e o remanescente, 2,66%, em instituições multilaterais. Este padrão sustenta a tese segundo a qual, naquele período, o endividamento público serviu essencialmente para financiar o esforço de guerra do país.

Devido à inconsistência dos dados entre as diversas fontes disponíveis, a análise deve centrar-se na evolução do rácio do stock da dívida governamental sobre o PIB, no qual se observam quatro grandes tendências.

Contudo, antes de avançar, importa destacar que a evolução do stock da dívida pública de um país é largamente condicionada por variáveis como:

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