O relatório e contas consolidado da Sonangol, referente ao exercício económico de 2024, revelou incertezas significativas por parte do auditor independente.
A consultora Ernst & Young (EY) emitiu duas opiniões com reservas, relacionadas com créditos concedidos ao Estado e com a plenitude dos investimentos financeiros em participadas, conforme apurou a revista E&M com base nos dados apresentados.
Segundo o parecer da EY, a rubrica "Contas a Receber" apresentou, em 31 de Dezembro de 2024, um saldo de 6,4 biliões de kwanzas referentes a créditos da Sonangol ao Estado e outras entidades públicas.
Deste montante 1,1 biliões de kwanzas estão em processo de validação e reconciliação, com dúvidas sobre titularidade e existência. O remanescente que corresponde a 5,4 biliões de kwanzas não têm plano de reembolso definido, impossibilitando a classificação como activo corrente ou não corrente.
“Não nos é possível determinar a tempestividade do seu recebimento e, consequentemente, a correcta apresentação entre o activo corrente e o não corrente”, conclui o auditor .
A auditoria também levantou dúvidas sobre a recuperação de activos financeiros no valor total de 1,2 biliões de Kwanzas, segundo cálculos da E&M com base na análise documentada. O balanço consolidado inclui investimentos em participadas de 544,8 mil milhões de kwanzas e " Outros activos financeiros" com o saldo 666,8 mil milhões de Kwanzas.
Os auditores destacam que não obtiveram evidências suficientes sobre a recuperabilidade destes valores, nem sobre o impacto potencial de ajustes futuros nas demonstrações financeiras.
Além disso, segundo a EY, um processo interno está em curso para mapear a totalidade das participações societárias que impede a confirmação da precisão destes registos.
A Sonangol fechou 2024 com um resultado líquido de 736 mil milhões de Kwanzas, contra 930 mil milhões de Kwanzas em 2023, representando uma queda de 21% em termos homólogos.