Os constrangimentos provocados (propositadamente) pelos agentes dos postos de abastecimento em Ondjiva, município de Cuanhama, na província do Cunene, constituem a principal causa das dificuldades por que passam os automobilistas para a compra de combustível, constatou a E&M.
Um conjunto de veículos ligeiros e pesados, a maioria com matrículas da Namíbia, impedidos de entrar nos postos de abastecimentos de combustível, acumula-se a 50 metros. Para sinalizar a proibição, é feita uma barreira de cones fortificada por agentes da Polícia Nacional (PN).
Poucos veículos, às vezes dois ou três, têm acesso aos postos de abastecimentos, mas são atendidos depois de 20 ou 30 minutos. A demora no atendimento desespera os automobilistas que, sem outras opções, se submetem aos caprichos dos 'senhores' dos combustíveis.
“Por favor, abasteça o meu carro, já falei com o teu colega. Não se preocupa vou fazer chegar aquela encomenda” implorava o motorista a um dos 'cantoneiros' da Pumangol, que nem sequer prestava atenção às declarações do compatriota, preocupado em abastecer o carro de gasolina.
O cenário transmite a ideia ao público de que há escassez de gasolina e gasóleo nos postos de combustível em Ondjiva, centro político-administrativo do Cunene, província limítrofe com a República da Namíbia, onde os preços daqueles produtos energéticos são mais caros.
A impaciência toma conta dos que esperam do outro lado da barricada. Resmungam diante dos agentes da PN, mas de nada vale porque estes também se aproveitam da situação para obter alguma vantagem, como alegou um dos motoristas no local, fazia mais de cinco horas.
“Tem de se pôr termo a esta situação aqui na província do Cunene, principalmente em Ondjiva. Há combustível nos postos de abastecimento, mas preferem vender (à calada da noite) aos indivíduos com bidões. Neste esquema, por cada 20 litros de gasolina cobram mil Kwanzas”, disse Daniel Jamba, motociclista residente em Xangongo.
A venda de combustível é baseada em esquema, como se constatou. Houve motoristas que foram atendidos sem estarem na fila de espera. Era só chamar pelo segurança, este informava ao chefe a chegada de um cliente vip. Em menos de cinco minutos o problema estava resolvido.
“Os responsáveis máximos desta província têm conhecimento da situação, inclusive dos promotores, mas nada fazem para os impedir. Se calhar, muitos deles também se beneficiam do contrabando de combustível no Cunene”, desabafou Domingos Kahele, automobilista.
Diante da realidade, dirigimo-nos aos principais postos de abastecimento de Ondjiva (Sonangol e Pumangol) no sentido de obtermos mais esclarecimentos sobre o assunto, mas sem sucesso. A resposta foi a mesma, “Quem deve dar este tipo de informação é o gerente ou subgerente, mas neste momento estão ausentes do posto”.
Os três postos de abastecimento de combustível detidos por entidades singulares (tecnicamente designada bandeira branca), no município de Cunhama, sobretudo em Ondjiva, sofrem a mesma crítica. “Nos contentores a situação é pior”.