Numa apresentação sobre a estratégia para a inclusão financeira e o futuro dos pagamentos móveis, realizada ontem, em Luanda, João Rueff Tavares, defendeu que o nível reduzido de bancarização tem impacto na limitação do crescimento económico, na vulnerabilidade financeira, na barreira ao empreendedorismo, no elevado peso da economia informal e na exclusão social e desemprego.
Recordando que Angola, através do Plano de Desenvolvimento Nacional 2023-2027 (visão “2050”), definiu a utilização dos pagamentos móveis como alavanca para o aumento dos níveis de bancarização e inclusão financeira, o responsável salientou que a utilização destes pagamentos “promove a modernização do sistema financeiro, tornando-o mais acessível, eficiente, incluindo até quem não tem conta bancária formal”.
São destaque as iniciativas de investimento no processo de digitalização dos serviços financeiros e a crescente adopção dos canais digitais para a transaccionalidade do dia-a-dia.
João Tavares, que foi orador na VII Conferência E&M sobre Transformação Digital, subordinada ao tema “Estratégia nacional para a inclusão digital e financeira”, explicou que os principais desafios enfrentados em Angola ao nível da inclusão financeira passam pela reduzida capacidade de acesso a financiamento por grande parte da população devido aos baixos rendimentos e pelo elevado peso da economia informal e elevada percentagem da população sem documentos de identificação.
Além destes, são apontados como razões os reduzidos níveis de literacia financeira e educação académica, a dificuldade de acesso ao sistema bancário pelos requisitos de abertura conta e a capacidade regulatória de coordenação e regulação entre os diferentes agentes de mercado.
O gestor, que a abordou as tendências e a promoção da inclusão financeira através dos pagamentos móveis, disse ainda que “a evolução do índice de inclusão financeira indica um ligeiro progresso no acesso aos serviços financeiros em Angola”, mesmo que a economia angolana apresente “vários desafios em comparação com países da SADC, onde, referiu, “a intersecção entre serviços financeiros e telecomunicações é um elemento-chave”.
Olhando para o futuro, o director da EY Angola, citado no comunicado enviado à E&M, enumerou as oportunidades existentes para os pagamentos móveis impulsionarem a inclusão financeira em Angola, de que se destacam o boom da geração sub-18, o potencial do sector informal, o ecossistema de mobile money, as infra-estruturas de telecomunicações e internet e o reforço dos programas de literacia financeira.