Os bancos sistémicos representam 45% dos operadores do mercado, num universo de 22 de instituições bancárias, segundo os dados mais recentes do BNA. A evolução dos activos bancários em Angola, entre2016 e 2023, revela uma trajectória claramente diferenciada entre os bancos sistémicos e os não-sistémicos, reflectindo o peso estrutural de cada grupo no sistema financeiro nacional.

Os Bancos sistémicos apresentaram um crescimento robusto dos activos, passando de 8,6 biliões Kz em 2016 para 18,5 biliões Kz em2023, o que representa um crescimento acumulado de mais de 115% no período. Este desempenho reflecte a sua maior capacidade de captação de depósitos, concessão de crédito, acesso a financiamento e gestão de riscos, mesmo em contextos macro-económicos adversos. Já os Bancos não-sistémicos registaram um crescimento mais moderado, subindo de 1,1 bilião Kz em 2016 para 3,2 biliões em2023, um aumento de cerca de 190%, embora sobre uma base muito menor. Isso indica uma evolução positiva, mas ainda com limitações em escala, presença de mercado e capacidade operacional.
A taxa de inflação, por sua vez, teve um comportamento oscilante ao longo do período com um pico de 42% em 2016 e uma redução até 13,86% em 2022, voltando a subir para 20% em 2023. Essa volatilidade impacta directamente a rentabilidade real dos activos, os custos de financiamento e o poder de compra dos clientes bancários. É importante notar que, mesmo com períodos de inflação elevada, os bancos sistémicos mantiveram um ritmo consistente de crescimento, o que confirma a sua resiliência sistémica e o seu papel central na intermediação financeira nacional. Já os Bancos não-sistémicos, embora com crescimento, mostraram maior sensibilidade ao ambiente macro-económico.

Factores que influenciam os activos
Volume de títulos da dívida pública altamente significativo, sugere uma forte exposição dos Bancos à dívida soberana, o que é comum em economias emergentes como a economia angolana com elevada participação estatal na intermediação financeira. A quantidade de moeda em circulação também exerce um impacto positivo e estatisticamente relevante, reflectindo a ligação entre liquidez monetária e crescimento do Balanço Bancário. Por outro lado, a inflação e taxa de juros não mostraram efeitos estatisticamente relevantes no modelo, embora os seus sinais sejam consistentes com a teoria económica (impactos negativos sobre o crescimento dos activos reais). O que sugere que, mesmo com inflação alta, investir em activos pode ser vantajoso, alguns activos tendem a ser mais resilientes porque podem preservar ou até aumentar seu valor real.
Conclusão Geral do Estudo
I. Com base na análise empírica e nos resultados do modelo econométrico, pode-se concluir que o crescimento sustentado dos activos bancários em Angola, sobretudo entre os bancos sistémicos, evidência um sistema financeiro concentrado num núcleo restrito de instituições com elevada robustez estrutural. Essa centralização, embora reforce a resiliência e a capacidade de resposta do setor, também impõe a necessidade de uma supervisão prudencial reforçada e políticas eficazes de mitigação de risco sistémico.
II. A forte correlação entre a evolução dos activos e o volume de títulos da dívida pública sugere que os bancos desempenham um papel crucial no financiamento do Estado. Contudo, essa exposição elevada também representa um factor de risco potencial, pois torna o sistema bancário vulnerável à política fiscal e à sustentabilidade da dívida pública.
III. Apesar do ambiente macro-económico adverso caracterizado por inflação volátil e elevação das taxas de juro o sector bancário nacional, particularmente os bancos sistémicos, tem demonstrado capacidade de crescimento, solidez e protagonismo na intermediação financeira .Esse desempenho é impulsionado principalmente por factores monetários (como a base monetária em circulação) e fiscais (como a emissão de títulos da dívida).
IV. Por fim, a sustentabilidade desse crescimento dependerá da capacidade do sector em equilibrar expansão com uma gestão eficaz dos riscos, diversificando as fontes de activos e reforçando a estabilidade sistémica no longo prazo.


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