O Centro de Estudo e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola (CEIC-UCAN) reviu em baixa as perspectivas de crescimento económico do país, projectando uma desaceleração para 2,2% em 2025 e 2,1% em 2026. 

Na origem desta projecção está a queda do sector petrolífero. De acordo com o documento compilado pela revista Economia & Mercado sobre perspectivas económicas, apresentado na conferência "Sistema Industrial Moderno e Desenvolvimento de Alta Qualidade", o sector petrolífero deverá registar uma contracção de 1,4% em 2025 e de 0,8% em 2026. Em contrapartida, o sector não petrolífero poderá crescer 3,8% este ano, antevendo-se um recuo de 0,07 pontos percentuais em 2026.

O director do CEIC-UCAN, Alves da Rocha, afirmou que "Angola apresenta uma taxa de subutilização da força de trabalho, talvez das maiores do mundo". O economista sublinhou que nesta situação existe "um potencial enorme de crescimento do produto interno", mas que para tal "é necessário que haja investimento e que haja mão-de-obra qualificada".

O diagnóstico do director do CEIC-UCAN vai além da simples criação de postos de trabalho. O cerne da questão, salienta, está na qualidade do emprego gerado. "O problema está na qualidade do emprego e, quando se fala na qualidade do emprego, fala-se no salário", explicou. Os baixos salários, por sua vez, impactam directamente o consumo privado, que é um dos principais motores do crescimento de qualquer economia.

O mesmo documento prevê que a recuperação só deverá ocorrer a partir de 2027, com o crescimento a atingir 2,7%, podendo chegar a 3,5% em 2030.