O mercado de títulos e os investimentos poderão ser abalados com o colapso nos Estados Unidos, do Silicon Valley Bank e de outros bancos regionais, defenderam economistas ouvidos pela revista Economia & Mercado.
De acordo com o economista Carlos Lumbo, na Europa e nos Estados Unidos da América (EUA), a actual instabilidade financeira vem agravar a incerteza, que já pairava sobre os mercados de acções, resultante da persistência em políticas de restrição monetária.
Hoje, por exemplo, os principais mercados bolsistas abriram as sessões em baixa, após a formação do acordo de compra do Credit Suisse pelo Grupo UBS, maior banco da Suíça. Este acordo vai no sentido de estabilizar a situação na banca, mas parece ter produzido resultados contrários, acrescentou.
O economista Carlos Lumbo considera que o impacto de uma eventual crise financeira sobre a economia angolana será por via do preço do petróleo.
“São escassas as ligações entre o sistema financeiro angolano e o americano ou o europeu. Não há consideráveis relações de crédito e dívida entre bancos ou empresas angolanas e os bancos americanos ou europeus, o que torna ínfimo o risco de contágio por via do sistema financeiro”, sustentou.
Carlos Lumbo considera cedo para estimar-se que a crise se vai intensificar e alastrar de forma catastrófica., na medida em que os governos e os reguladores financeiros nos EUA e na Europa estão a tomar medidas no sentido de restabelecer bons níveis de confiança, o que pode vir a resultar.
O Director do Centro de Investigação da Universidade Lusíada de Angola (CINVESTEC), Heitor Carvalho, afirmou que o mercado de títulos continua positivo este ano, a confiança dos investidores estava alta antes deste abalo.
“Com esse colapso, o mercado de títulos vai ser abalado, a confiança dos investidores seriamente prejudicada e o investimento e a procura de emprego retrairão”, disse.
Heitor Carvalho acrescenta que o colapso afectou sobretudo o sector bancário, mas ainda sem reflexos. “É preciso não insistir em fazer intervenções desnecessárias e que poderão conduzir a uma recessão e problemas em outros sectores”, acrescenta.
Já Daniel Sapateiro, também economista, defende que esta crise tem implicações positivas e negativas. A positiva é que o encerramento de alguns bancos vai levar os clientes a procurarem bancos de média e grande dimensão porque vão sentir alguns confortos sobre as suas transacções e necessidades de intermediação financeira.
Por outro lado, acrescenta, trata-se de um sinal de alerta e desejável necessidade dos supervisores bancários de terem mais atenção para estes bancos de pequena dimensão.
Sobre as implicações negativas, Sapateiro aponta para a corrida aos bancos por parte dos clientes bem como o medo de que os bancos onde são aplicadas as poupanças possam estar em dificuldade e se não saber qual é a situação do dia seguinte, sem esquecer a questão dos empregos destruídos por via dos fechos dos bancos.
“Precisa-se esperar nos próximos dias e semanas para ver até que ponto o contágio americano afecta os bancos europeus e que não necessitam rever algumas políticas de gestão de risco que também é algo que falhou nos bancos americanos”, disse.
Tensão na banca internacional
O sector bancário tem estado sob tensão desde que os grandes bancos centrais começaram a subir as taxas de juro para controlar a inflação. Muitos bancos não conseguiram preparar-se, após anos de dinheiro barato.
O recente colapso, nos Estados Unidos, do Silicon Valley Bank e de outros bancos regionais aumentou a angústia dos investidores e levou-os a vender os títulos dos bancos considerados mais fracos.
No caso do Credit Suisse, que atravessou um período de dois anos difíceis e alguns escândalos, os esforços da liderança para apresentar um plano de reestruturação de três anos pouco resolveram.
O Grupo UBS vai beneficiar de uma garantia de 9.000 milhões de francos do governo que serve de seguro caso sejam descobertos problemas em carteiras muito específicas do Credit Suisse.
O banco central anunciou também uma linha de liquidez que vai até 100 mil milhões de francos suíços para UBS e Credit Suisse.

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