A Câmara de Comércio e Indústria Angola-Itália (CCIAI) está apostada em dar maior impulso às trocas comerciais entre os dois países. No âmbito desta pretensão, estão no país representantes de seis empresas italianas para prospectar oportunidades de negócio particularmente no sector agloalimentar, onde os italianos são conhecidos pelos angolanos sobretudo pela produção de massa alimentar.
A missão empresarial esteve no epicentro de um Fórum Económico realizado, esta semana, em Luanda, durante o qual as empresas HP Handling Srl, ligado ao fabrico de moagens e silos; Ovostar (Sanovo), de produção de ovos e frango de corte, e Andreotti, especializada em máquinas para produção de óleo vegetal, expuseram o potencial do seu portfólio.
O fórum, cuja agenda foi dominada por encontros B2B com empresas angolanas, contou ainda com a participação das companhias italianas Tecalit, voltada para a produção de equipamentos para massa alimentar; Tecnogas, de instalações de gás e equipamentos industriais, e Rossi Ingegneria Alimentare Srl, um grupo ligado a processamento de tomates.
Hélder Cardoso, vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Angola-Itália, explicou que o foco na escolha do agloalimentar para esta missão empresarial visa os objectivos de diversificação económica e de autossuficiência alimentar de Angola, através do reforço da presença italiana no país de empresas líderes em equipamentos para transformação de produtos do campo.
“Há muito desperdício de produtos agroalimentares do campo em Angola, alimentos que se deterioram por várias situações. Isso é um sinal de que devemos apostar na transformação destes produtos localmente. E, para isso, temos aqui empresas italianas líderes no mercado de transformação de hortícolas, processamento de frango, de ovo, etc”, informou o também secretário-geral da CCIAI.
Há muito desperdício de produtos agroalimentares do campo em Angola, alimentos que se deterioram por várias situações. Isso é um sinal de que devemos apostar na transformação destes produtos localmente
Recordou que, no ano passado, os dados oficiais reportaram que as trocas comerciais entre Angola e Itália fixaram-se em cerca de 1 mil milhão de dólares, com o petróleo a representar 80% dessa dinâmica, um quadro que, para a Câmara, sugere maior diversidade nas relações económicas.
“O empresariado italiano conhece Angola por ser um país produtor de petróleo, mas queremos fazer um shift e direccioná-lo para olhar para o agronegócio”, disse o responsável associativo, que informa que, além do petróleo, Angola vende à Itália, embora em número ainda reduzido de variedade de mercadores, produtos como café e cacau.
Mas observou que o número das trocas comerciais entre os dois países pode ser maior: “Se fôssemos a incorporar todo o equipamento italiano que é comprado via tradings do Dubai, de Portugal e doutros países, provavelmente a troca comercial entre Angola e Itália seria muito maior. Portanto, o nosso objectivo como Câmara é criar uma ponte directa entre Angola e a Itália”.

Hélder Cardoso disse que, não obstante alguns desafios ainda por superar, o ambiente de negócio em Angola, assente sobretudo na estabilidade política, “é atractivo”, um feedback que é transmitido pela classe empresarial italiana que opera no mercado nacional, com maior incidência sobre os sectores do próprio agroalimentar e da extracção.
Sem dar mais detalhes, o vice-presidente e cumulativamente secretário-geral da Câmara de Comércio e Indústria Angola-Itália anunciou que a instituição e os seus parceiros estão prestes a concluir um acordo para uma linha de financiamento via Banco Keve para empresários interessados em investir em Angola.
Destacou o plano de financiamento designado SACE, ligado à Agência de Crédito de Exportação da Itália, que visa facilitar empresas já com alguma estabilidade no mercado a aceder a financiamentos de forma directa, sem passar por intermediação de um banco local.
A propósito deste plano, Andrea Penzo, representante da CCIAI na Itália, destacou que esta linha de financiamento tem como valor de referência 20 milhões de euros, com prazos de reembolso “prolongados e taxas de juros mais vantajosas”, destinada a vários segmentos de negócios.
No Fórum Económico realizado por ocasião da presença em Angola da missão empresarial italiana – a visita termina esta sexta-feira, 21–, o também representante da ETS, uma consultora financeira, enfatizou sobre o PLANO MATTEI, uma iniciativa do Governo italiano voltada para fortalecer a cooperação económica com países africanos.
Penzo anunciou que, no âmbito desta linha de financiamento que pretende, também, impulsionar o desenvolvimento sustentável dos países africanos e combater as causas da migração irregular, está a trabalhar com a Câmara de Comércio e Indústria Angola-Itália num projecto ligado ao sector da agricultura para apresentar às autoridades governamentais italianas.

Foco em países emergentes
Como consultor financeiro, Andrea Penzo revelou que é entusiasmado por trabalhar com países emergentes: “Quando me vem uma proposta para operação num país emergente, é como propor a uma criança para ir a um parque. Estou num país onde a ministra das Finanças provavelmente tem a idade da filha do nosso ministro das Finanças. Os países emergentes são o futuro do mundo”.
Recordou que, quando, em 2013, começou a trabalhar para atrair financiamentos para Angola, os empresários demonstravam um gritante desconhecimento do mercado angolano, uma realidade que, actualmente, segundo o consultor, mudou, já que “hoje, se se falar de Angola, todos sabem onde é, quem é, o que faz”.

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