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Consumo mundial de calçado pode crescer acima dos nove por cento este ano

Cláudio Gomes
19/2/2024
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Previsões do World Footwear Survey indicam que o consumo mundial de calçado deverá aumentar 9,2% este ano face a 2023. África terá um consumo médio de 13,2%, Ásia (10,6%) e América do Sul (6,4%).

Os dados resultam de uma pesquisa feita pelo World Footwear Survey, ou em português “Pesquisa Mundial do Calçado”, compilada através de um inquérito respondido por mais de uma centena de especialistas ligados ao sector dos calçados em todo o mundo. Angola é apontada como um dos países que irá influenciar o referido crescimento tendo em conta a alta taxa de natalidade acima dos três digitos.

De acordo com a Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS), estima-se que o consumo de calçado deverá aumentar, em média, 13,2% em África, 10,6% na Ásia e 6,4% na América do Sul.

Os principais factores que impulsionam tal crescimento, cita a Lusa, são estão ligados às “tendências económicas e demográficas", com países africanos com as taxas de natalidade mais elevadas a nível mundial, como o Níger e Angola, a contribuírem "decisivamente para a crescente procura de calçado".

Produção mundial em 2022

A produção mundial de calçado aumentou 7,6% em 2022 e ascende agora a 23,9 mil milhões de pares, segundo o Jornal Expresso, que cita dados da APICCAPS, a produção de calçado voltou aos níveis pré-pandémicos, fruto de um notável impulso da China. Nove em cada dez pares de calçado produzidos à escala internacional têm como origem o continente asiático.

Fatografia - DR
O continente asiático foi responsável por 87,4% da produção mundial, tornando o resto do mundo dependente deste continente. Na Ásia, a China destacou-se como o maior produtor, invertendo a tendência de queda observada nos últimos anos, aumentando a quota em 2022 para os 54,6%. A China e outros sete países asiáticos dominam os 10 principais produtores de calçado.

Em 2022, escreve o Expresso, o consumo da Ásia representou mais de metade (53,2%) do total mundial, ainda assim ligeiramente abaixo da participação registada no ano anterior, seguida da América do Norte e Europa, com 15,9% e 14,9%, respetivamente. O consumo per capita de calçado a nível mundial varia de 1,4 pares na África a 5,9 pares na América do Norte.

A China continua a ser o principal consumidor de calçado, não obstante a sua participação para o total global tenha caído para 17,9%. O consumo nos Estados Unidos teve um notável aumento de 12,7% no ano passado, recuperando a 2ª posição no consumo, ultrapassando mesmo a Índia, o país mais populoso do mundo desde o iníco do ano.

Exportação de calçado em alta em 2022

As exportações de calçado continuaram a aumentar e registaram um crescimento de 9% em 2022 (após um aumento de 7,4% em 2021), atingindo um total de 15,2 mil milhões de pares, conforme a compilação feita pela APICCAPS. Ou seja, um volume de calçado exportado acima dos níveis pré-pandemia, mas ainda abaixo do recorde de 2014 (15,7 mil milhões de pares).

Fotografia - DR
No que respeita aos valores, as exportações mundiais de calçado atingiram um novo máximo de 175,2 mil milhões de dólares em 2022, marcando um aumento substancial de 16,1% em relação ao ano anterior. Na última década, lê-se, registou-se um crescimento de 42,9%.

Contudo, a APICCAPS escreve que embora a maior parte das exportações (volume) de calçado sejam originárias de países asiáticos, esse percentual caiu ligeiramente na última década: de 85,3% para 83,9%. Por outro lado, a participação das exportações dos países europeus aumentou de 11,4% para 13,2%.

Neste sentido, a China, líder mundial de produção, destaca-se como origem de mais de 60% das exportações totais. No entanto, a sua participação caiu mais de 10 pontos percentuais na última década, em favor de países como o Vietname: emergiu como o principal beneficiário dessa nova equação, aumentando significativamente a sua participação de 2% para quase 10% nas exportações globais.

Preço médio de exportação mundial

O preço médio de exportação atingiu os 11,54 dólares o par em 2022, representando um aumento de 6,5% em relação a 2021. Na última década o crescimento ascende a 38,2%.

Com um preço médio de 27,99 dólares, Portugal mantém o 2º maior preço médio de exportação entre os principais produtores mundiais de calçado.

Apenas Portugal resiste

De acordo com dados disponibilizados pela APICCAPS, o equilíbrio global mudou de forma significativa na indústria de calçados desde 1985.

Segundo a organização portuguesa, na altura, mais de 35% da produção mundial de calçado assentava no continente europeu, em particular em países como Itália (525 milhões de pares de sapatos produzidos em 1985), Espanha (205 milhões de pares), França (198 milhões de pares), Alemanha (171 milhões de pares) e Reino Unido (136 milhões de pares).

Nas últimas quatro décadas, lê-se, a produção de calçado na Europa caiu a pique. Em conjunto, salienta a APICCAPS, estes cinco países deixaram de produzir 884 milhões de pares de calçado (quebra na ordem dos 70%). No entanto, do grosso de países mencionados, apenas Portugal resistiu à intempérie. Com efeito, desde 1985, a produção de calçado em Portugal aumentou mesmo 50% para 84 milhões de pares produzidos em 2022.