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Defendida disseminação de dados sobre alterações climáticas para reforçar conscientização pelo ambiente

Victória Maviluka
23/10/2025
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Foto:
Andrade Lino

Líder da ASAER diz que uma maior conscientização para as causas ambientais reside na mudança de atitude, através de programas de educação ambiental instituídos desde tenra idade.

O presidente da Associação Angolana de Energias Renováveis (ASAER), Victor Fontes, defende uma maior disseminação de informações sobre as estatísticas das catástrofes naturais, de forma a conscientizar os cidadãos a terem uma percepção real do fenómeno das alterações climáticas.

Durante a sua intervenção na V Conferência sobre Ambiente e Desenvolvimento, de iniciativa da revista Economia & Mercado, o líder da ASAER observou que um dos grandes problemas do ambiente e da emergência climática mundial é que os efeitos das alterações climáticas “não são imediatos”.

“Portanto, isso significa que acordamos todos os dias e não sentimos, não temos uma percepção clara das alterações. Para isso, é preciso estudar, tem de se rever as temperaturas médias dos últimos anos e verificar que há uma alteração constante. Tem de se procurar as estatísticas sobre as catástrofes naturais que começam a ser mais frequentes. Mas, quer dizer, não é algo que seja fácil percepcionar ao cidadão comum”, afirmou.

Victor Fontes recordou que uma maior conscientização para as causas ambientais reside na mudança de atitude, através de programas de educação ambiental instituídos desde tenra idade: “E essa mudança de atitude, como sabemos, é muito difícil de conseguir na idade adulta”.

O painelista da mesa-redonda ‘Carbono, Financiamento Verde e Justiça Climática: Desafios da Transição Energética em África’ lembrou que o cidadão comum, que, por natureza, “é conservador e egoísta”, procura manter a sua actividade normal e procura encontrar soluções em que “não seja obrigado a alterá-las”. 

“E, no fundo, este mecanismo que foi criado – e sempre numa perspectiva muito economicista, como, por exemplo, a questão dos créditos [de carbono], que uns compram e outros não – isso é para quê? Para permitir que as sociedades que, neste momento, mais gastam e são as principais responsáveis pela situação [ambiental] actual possam manter a sua actividade normal”, denunciou.

O presidente da Associação Angolana de Energias Renováveis elucidou que, para se ter uma ideia dos níveis de emissões a nível global, na África Subsaariana, o consumo médio de energia de um cidadão são 180 kilowatt por hora; nos Estados Unidos, são 13.000; na Europa, são 6.500 kW.

“No fundo, toda esta arquitectura é para quê? Para que os Estados Unidos, Europa e os outros países que têm um nível de consumo superior de energia possam manter, dando umas migalhas a quem lhes vai permitir limpar um pouco da sua consciência por pagar uns créditos”, desabafou.

Sublinhou, no entanto, o contributo da China na transição energética, lembrando os investimentos do gigante asiático nas energias renováveis: “Se formos a ver as estatísticas – praticamente em todos os sectores, estamos a falar do eólico, do solar – metade é da China; e o resto, do mundo. Portanto, esses indicadores apresentam alguns sinais positivos muito por esse facto, porque, se não, nem existiriam”.