IFC Markets Live Quotes
Powered by
3
1
PATROCINADO

Dos 25 milhões Kz do BAI à oferta de casas no KK: Os prémios ‘luxuosos’ dos campeões do Afrobasket

Victória Maviluka
1/9/2025
1
2
Foto:
DR

É o mais expressivo reconhecido, com ofertas em dinheiro e bens, da história do desporto angolano. Há consenso quanto à relevância da conquista, mas há contestações no volume das ofertas.

O rescaldo da conquista do Afrobasket, a 24 de Agosto último, em Luanda, tem sido dominado por atribuição de prémios milionários e oferta de bens de elevada valia aos jogadores e equipa técnica da Selecção Nacional. Há quem questione os critérios e a moralidade destes reconhecimentos face, sobretudo, à situação social deplorável a que muitas famílias angolanas estão submetidas.

Foi através do Banco Angolano de Investimentos, com uma oferta de 25 milhões Kz a cada jogador, que se abriu o caminho para estas mediáticas distinções públicas à Selecção Nacional, que, na véspera da celebração dos 50 anos da Independência Nacional, voltou a erguer o troféu que fugiu a Angola há mais de 10 anos.

Luís Lélis, PCE do BAI, que proferiu o anúncio que rapidamente viralizou nas redes sociais, informou que a instituição que dirige iria oferecer igualmente “um montante” não especificado a cada integrante da equipa técnica, além de 15 milhões Kz para Carlos Morais, como reconhecimento à sua carreira basquetebolística.

Na ocasião, o líder da instituição bancária apelou a outras organizações no sentido de se juntarem ao gesto de reconhecimento. E as reacções não tardaram. A Unitel anunciou um pacote de ofertas aos jogadores que conquistaram por Angola o 12.º troféu da maior prova de basquetebol do continente africano.

A cada campeão africano, a maior operadora de telefonia móvel do País ofereceu 10 milhões de Kwanzas, iPhone 16 Pro, router 5G e internet e comunicações grátis por um ano. Os mesmos bens foram entregues aos membros da equipa técnica, aos quais a operadora ofereceu a quantia de 5 milhões Kz.

Do Estado, ‘choveram’ também prémios pelo feito desportivo alcançado por uma selecção jovem, comandada por Lukeny, Dundão e Bruno Fernando: uma casa na Centralidade KK, em Luanda, e carros modernos da marca Toyota, modelo Land Cruiser.

Mas as distinções não terminaram por aí. A Sociedade Mineira de Catoca ofereceu um valor em Kwanzas correspondente a 5 mil dólares a cada um dos integrantes da Selecção Nacional. E mais: a empresa diamantífera, detida maioritariamente pela estatal ENDIAMA, ofereceu ainda joias lapidadas.

E, na viagem ao Namibe para agradecer o apoio do público durante os jogos da fase de grupos da 31.ª edição do Afrobasket, os dodecacampeões africanos foram agraciados pelo Porto do Namibe com 1 milhão de Kwanzas cada, incluindo membros da equipa técnica comandada pelo espanhol Pep Clarós.

Em relação à conquista do Afrobasket 2025, José Moniz, presidente da Federação Angolana de Basquetebol (FAB), explicou à imprensa que, a nível da FIBA África, instituição que rege a modalidade no continente e responsável pela organização do Afrobasket, Angola não recebeu qualquer valor por ter sido campeã do torneio, senão o troféu: “Que eu saiba, é só a taça… não há prémio em dinheiro”.

Não sendo uma certeza que o desfile de reconhecimentos à Selecção Nacional esteja concluído, crescem as vozes que se opõem aos valores e bens anunciados como gratificação pela conquista do 12.º troféu do Afrobasket, após o combinado nacional ter observado um ‘jejum’ sem erguer o título africano que vinha desde o ano de 2013.

Três perspectivas críticas subsaem destas vozes contestatárias: um alegado despesismo diante da situação social deplorável por que passam muitas famílias angolanas; insuficiência nos serviços públicos ligados aos sectores da saúde e educação e tratamento desigual perante outras conquistas relevantes do desporto angolano na arena internacional.