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Especial 50 Anos da Independência: A Inclusão financeira em Angola

José Gualberto Matos
20/11/2025
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Foto:
DR

Após a paz em 2002, Angola entrou num ciclo favorável de forte crescimento, com grandes investimentos em infraestrutura. O sector financeiro cresceu, mas com pouco foco na inclusão.

1. introdução

Quando a independência nacional tem lugar, o sistema financeiro de Angola estava adaptado a uma economia de pendor ainda muito extractivo, baseada na exploração de recursos naturais e na agricultura de exportação, com um nível insipiente de bancarização da população. A guerra civil, que em entretanto eclodiu, atrasou o fortalecimento das instituições financeiras, dificultou a diversificação económica e atrasou o acesso da população a serviços bancários.

Após a paz em 2002, Angola entrou num ciclo favorável de forte crescimento, com grandes investimentos em infraestrutura. O sector financeiro cresceu, mas com pouco foco na inclusão. Aquilo que poderia ter sido o contributo dos pagamentos móveis para a inclusão financeira não aconteceu, atrasando ainda mais a inclusão da população não bancarizada.

A bancarização tradicional nos dias de hoje compara-se relativamente bem com a realidade da África Subsaariana, mas no que toca à soluções não-bancárias para a população mais desfavorecida, Angola atrasou-se bastante.

Aquilo que poderia ter sido o contributo dos pagamentos móveis para a inclusão financeira não aconteceu, atrasando ainda mais a inclusão da população não bancarizada

De acordo com o Global Findex Database de 2025 do Banco Mundial, 79 % da população mundial adulta possui uma conta transaccional (bancária e não bancária) e a taxa de bancarização a nível mundial é da ordem dos 68 %. Na África subsaariana cerca de 65% dos adultos possui uma conta transaccional, sendo que 40% dessas contas são de moeda electrónica.

Só recentemente a inclusão financeira começou a ser vista no nosso país como um instrumento de desenvolvimento sustentável, capaz de reduzir assimetrias, fomentar a poupança e o investimento produtivo e integrar mais angolanos na economia formal, o que levou  o Governo Angolano a tomar a iniciativa de elaborar a primeira Estratégia Nacional de Inclusão Financeira (ENIF) através do Despacho Presidencial n.º 201/23, de 25 de Agosto, que define o respectivo mecanismo de governação e que esteve em consulta pública até recentemente.

A ENIF constitui uma iniciativa da maior relevância, como instrumento destinado a gerir o processo da inclusão financeira e reflecte o compromisso do Governo Angolano em assegurar que todos os cidadãos, independentemente da sua localização geográfica, renda ou condição social, tenham acesso a serviços financeiros acessíveis, adequados e sustentáveis.

Leia este texto na íntegra na edição 'Especial Independência' da revista Economia & Mercado, disponível nas bancas.