A evidência empírica mostra que o crescimento económico está fortemente associado à expansão da indústria transformadora. De facto, os países que conseguiram transformar as suas economias e proporcionar melhor qualidade de vida às suas populações fizeram-no através de um processo acelerado de industrialização. Em contrapartida, muitas economias em desenvolvimento — em especial as africanas — continuam excessivamente dependentes da exportação de matérias-primas, tanto minerais como agrícolas. Essa dependência perpetua a vulnerabilidade estrutural destas economias a choques externos, resultantes das flutuações de preços nos mercados internacionais, como é o caso de Angola com o petróleo.
Um dos conceitos centrais no debate sobre desenvolvimento económico é o da transformação estrutural, fortemente associado ao trabalho de Sir Arthur Lewis (1954).1 Em linhas gerais, trata-se do processo que ocorre em economias dualistas, nas quais coexistem dois sectores: a agricultura, tradicionalmente menos produtiva, e a indústria, vista como o sector mais dinâmico. O desenvolvimento, nesta perspetiva, implica a deslocação progressiva da força de trabalho e dos recursos do sector agrícola para o industrial, elevando a produtividade global da economia.
Muito se discute sobre a alegada diversificação da economia angolana no final do período colonial. Contudo, raramente se menciona que, apesar de Angola ter crescido em média 7% ao ano entre 1963 e 1973, o petróleo já havia ultrapassado o café em 1973, tornando-se o principal produto de exportação. Ainda assim, a pauta exportadora apresentava alguma diversidade, incluindo diamantes, algodão, ferro, sisal e açúcar2.
Estima-se que, após a independência em 11 de Novembro de 1975, cerca de 300 mil colonos portugueses tenham abandonado Angola, receosos de retaliações da população africana maioritária, prestes a assumir o poder3. Como consequência, as receitas das exportações agrícolas e diamantíferas caíram drasticamente, enquanto o sector produtivo, em especial a indústria manufatureira, colapsou. Entre 1975 e 1989, a economia passou a ser dominada pelas indústrias extractivas (35,2%), serviços (28,5%) e comércio (12,5%), em detrimento da agricultura e pescas (14,8%) e da indústria transformadora (9%), cf. Gráfico 1.
Leia este texto na íntegra na edição 'Especial Independência' da revista Economia & Mercado, disponível nas bancas.

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