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ESPECIAL INDEPENDÊNCIA: Da hiperinflação à estabilidade, os altos e baixos da política económica

Fernando Baxi
8/11/2025
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Foto:
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Quanto ao índice de inflação na década de 90, o registo de Angola naquele período foi considerado galopante, como ilustram os dados extraídos do INE, BNA, FMI, BM e outras instituições.

O sistema planificado da economia quase levou à falência de Angola, obrigando a implementação de reformas económicas urgentes. Mas, por erro de concepção, segundo analistas, os resultados fracassaram, o que agravou o custo de vida em 50 anos, apesar de algumas melhorias.

Angola experimentou o sistema de economia centralizado por, sensivelmente, 17 anos (1975 – 1992), no qual o Governo controlava a política de preços dos bens e serviços na economia. Mas, em meados dos anos 80 (do século XX), implementou o programa de reestruturação económica (Saneamento Económico Financeiro [SEF]).  

O respectivo programa (SEF) foi implementado a pensar na transição do sistema de economia centralizado ou planificado (de inspiração socialista) para o sistema de economia de mercado (inspirado no capitalismo liberal).

Os resultados do SEF (1986 - 1988) ficaram aquém das expectativas, frustrando os planos do Governo, relativamente à reestruturação da economia angolana. Em gesto de correcção do primeiro falhanço, foi lançado o Plano de Recuperação Eco-nómica [PRE] cuja vigência foi de 1988 a 1989.    

À semelhança do primeiro programa de reestruturação [SEF], cuja aprovação por parte do Governo ocorreu em 1987, o PRE falhou, dando lugar ao Programa de Ac-ção do Governo [PAG] que vigorou até 1990.  

No ano seguinte (1991), há mudanças de paradigma, o Instituto Nacional de Estatística (INE) passa a divulgar o índice de preço no consumidor [IPC].

Quanto ao índice de inflação na década de 90 (século XX), o registo de Angola naquele período foi considerado galopante, como ilustram os dados extraídos do INE, Banco Nacional de Angola (BNA), Fundo Monetário Internacional [FMI], Banco Mundial (BM) e outras instituições afins.

CAUSAS DA INFLAÇÃO GALOPANTE NOS ANOS 90

Alguns factores sócio-económicos influenciaram para que a inflação atingisse níveis galopantes na década de 90 do século passado, principalmente em 1995, atingindo 3 782,98%, de acordo com o INE.  

Para Joaquim Fortunato, economista e investigador, Angola viveu um quadro inflacionário persistente, a taxa média de inflação anual no período 1991 a 1997 foi de 748,7%, tendo atingido o máximo em 1995 (3 783%).

De acordo ainda com os relatos do economista, a taxa média anual de desemprego, em 1994, situou-se em 25%, contra uma taxa média de crescimento do produto interno bruto (PIB) de 1,27% no período acima.    

Estudos divulgados, dos quais constam o realizado por Carlos Lopes, indicam que contribuíram para as altas taxas de inflação no período referido, a transição para a economia de mercado: implementou-se sem a devida infra-estrutura e mecanismos de regulação, tendo gerado instabilidade, assim como aumento dos preços na economia. Guerra civil (antes e após 1992): causou destruição de infra-estruturas, desorganização da produção e distribuição de bens; deslocamento populacional, o que levou à escassez de bens e aumento dos preços.

Leia este artigo na íntegra na edição 'Especial Independência: 50 Anos a acreditar’ da revista Economia & Mercado, já disponível nas bancas.