A adopção de uma rigorosa disciplina financeira e de uma visão estratégica de longo prazo foi apontada por um painel de especialistas como a solução fundamental para superar a "crise constante" que caracteriza o tecido empresarial angolano.
A conclusão surgiu durante uma mesa-redonda sob mote “Gestão de Crises Financeiras Corporativas”, integrada no evento FestFinanças, realizado neste sábado no Centro de Convenções de Talatona, em Luanda.
O debate, que reuniu executivos, representantes do governo e instituições do sector, centrou-se na necessidade premente de as empresas nacionais alterarem a sua abordagem de gestão para navegar um contexto de alto risco cambial, creditício e tecnológico.
Em resposta à questão de como um gestor deve equilibrar a prudência e o risco, o administrador do Standard Bank Angola, Eduardo Clemente, foi peremptório- evitar totalmente o risco é, em si, o maior perigo.
"A gestão obriga-nos a ter olho no longo prazo e no curto prazo ao mesmo tempo. É como uma viagem de avião: tenho um destino, mas se avisto uma tempestade, tenho de a contornar", afirmou, utilizando uma metáfora para ilustrar a necessidade de flexibilidade estratégica.

Eduardo Clemente explicou que o apetite ao risco deve definir a estratégia da empresa, defendendo a criação de uma "almofada" financeira em tempos de bonança para garantir a sobrevivência nas crises. "Não correr risco não é a solução”, conclui.
Geraldo Dala, gestor financeiro, acrescentou uma perspectiva macro, argumentando que a instabilidade política e regulatória cria um ambiente de incerteza que sufoca o planeamento empresarial. "Enquanto as empresas não crescem, empobrecem mais ainda o crescimento empresarial e as famílias", alertou, defendendo um diálogo mais robusto entre a classe empresarial e os decisores.
Os erros que condenam os planos financeiros
Questionados sobre os erros mais comuns que levam ao fracasso, os especialistas apontaram falhas críticas.
Celso Carvalho, director de acompanhamento de Projectos do Fundo de Garantia de Crédito, com experiência na análise de mais de 10 mil projectos, destacou a primazia do factor humano sobre o técnico. "Um mau projecto de investimento pode ser implementado por boas pessoas, mas um bom projecto é muito difícil de ser implementado por más pessoas", afirmou.
Já Sofia Chaves, CEO da Imcuba Angola, salientou a falta de disciplina após a obtenção de financiamento. "Muito raramente se segue na risca o plano inicial. Aparece outro negócio, outra oportunidade, e isso desfoca-nos. É cultural, quando temos dinheiro no bolso, surgem mil e uma ideias", criticou, defendendo um compromisso firme com o projecto delineado às instituições financeiras.
O evento FestFinanças centrou-se em quatro pilares essenciais para a saúde económica: finanças públicas, corporativas, pessoais e familiar, e as tecnologias financeiras (fintechs).

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