Cerca de 30 fazendas que se dedicavam à actividade agro-pecuária no município de Samba Caju, no Kwanza-Norte, encontram-se abandonadas, avançam as autoridades da província, que se mostram preocupadas com o quadro.
Domingos Bangula, director municipal da Agricultura de Samba Caju, informa que o Governo local tem mantido conversações com os proprietários dos projectos estagnados, a fim de se encontrar caminhos para a sua reactivação.
“Aos poucos, esta situação está a diminuir. Há já sinais de alguns [proprietários] que estão a reactivar as suas fazendas. [A situação] preocupa-nos, sim, porque, com elas a funcionar, vão garantir mais empregos e, também, vão aumentar aquilo que é a nossa produção”, perspectiva.
Em declarações à RNA, Domingos Bangula refere que, nos casos em que não se vislumbrem soluções para a reactivação destes projectos, as autoridades do município partem para a aplicação “daquilo que é a lei”, fazendo alusão aos casos em que o Estado assume um processo de projecção dos bens para fins de interesse público.
O director municipal da Agricultura de Samba Caju sublinha as potencialidades naturais daquela parcela do território nacional, destacando os solos aráveis e os recursos hídricos abundantes na província em geral.
“Samba Caju é um município potencial no sector da agricultura, através dos seus solos propícios para a agricultura. As famílias estão engajadas neste processo da agricultura, na produção de mandioca, feijão, milho, ginguba. Temos tido muita produção”, destaca.
Domingos Bangula informa que, ao nível do município de Samba Caju, a sua direcção controla cerca de 3.600 famílias que exercem a actividade agrícola.

Fernando Teles e o abandono de fazendas
Fernando Teles, banqueiro com investimentos no sector agro-pecuário, referiu, em entrevista recente à revista Economia & Mercado, que, em Camabatela, justamente na província do Kwanza-Norte, tem recebido, frequentemente, propostas para compra de fazendas abandonadas.
“Se vais a Camabatela, grande parte das fazendas que estão ao meu lado estão abandonadas, tudo tem dono, mas está tudo abandonado. Nós temos estado a adquirir algumas coisas, porque acho que - e os angolanos têm que pensar nisso - ter terra é o futuro. Mas, para isso, temos que as manter a funcionar”, disse.
Queixou-se da existência de muito capital de particulares depositado na banca que não é colocado à disposição da economia, por conta de receios do programa de combate à corrupção, sobre o qual sugere reconfiguração.
“Aquilo que vejo é que, às vezes, não estamos todos sincronizados. Isso é uma questão de patriotismo: temos de ter consciência de que, para que o País evolua e ande para frente, temos que criar condições para os empresários e para quem tem dinheiro. Se estivermos sempre a ver a origem do dinheiro, não vamos a lado nenhum”, atirou.
Recordou que foram as próprias autoridades governamentais que, fechando “os olhos a coisas com as quais, noutros países, se calhar, as pessoas estão mais preocupadas”, ajudaram empresários a acumularem dinheiros, através, por exemplo, de comissões.
Com uma vasta carreira no sector da banca, Teles garantiu que conhece grande parte dos principais empresários de Angola e observou que são muitas as “pessoas que têm algum dinheiro” e que precisam de confiança para investirem na criação de postos de trabalho.
Pediu, por isso, uma revisão ao modelo de combate à corrupção: “Neste momento, em Angola, não podemos ter o prurido de estar tão preocupados com a origem do dinheiro”.
Em relação ao seu património, afirmou estar à vontade, porquanto pode mostrar a origem do dinheiro: “O balanço do banco dá lucro e eu tenho dinheiro. Mas (...) quem tem dificuldades em justificar parou com investimento, e quando parou com o investimento não há criação de emprego. Isso é bom para o País? Eu acho que não”.

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