O Fundo Monetário Internacional (FMI) emitiu um severo alerta sobre uma nova fragilidade financeira que se intensifica nas economias emergentes, a perigosa interdependência entre a saúde dos bancos domésticos e a sustentabilidade da dívida pública dos seus próprios governos.
Segundo o mais recente Relatório de Estabilidade Financeira Global, muitos países emergentes conseguiram reduzir a vulnerabilidade a crises cambiais ao passarem a financiar-se maioritariamente na própria moeda, junto de investidores locais. No entanto, esta estratégia bem-sucedida criou um novo e sério risco sistémico.
A Economia & Mercado apurou que o problema reside no que o FMI classifica como um "vínculo tóxico" ou "nexo bancário-soberano". Os bancos domésticos, em busca de activos seguros para os seus balanços, tornaram-se os principais detentores da dívida pública dos seus países. Enquanto a situação económica se mantiver estável, este ciclo é virtuoso, os governos financiam-se facilmente e os bancos acumulam activos considerados de baixo risco.
A crise surge quando a confiança na solvabilidade do governo é abalada. Nesse cenário, os bancos que estão "cheios" de títulos públicos do seu próprio governo enfrentam perdas devastadoras. A sua dificuldade, por sua vez, contrai o crédito para a economia real e remove o principal financiador do governo, aprofundando ainda mais a crise fiscal. Cria-se assim um "círculo vicioso de insolvência" que pode derrubar toda a arquitectura financeira de um país.
Nos países avançados, como Estados Unidos e nações da Zona Euro, a explosão da dívida soberana está a criar uma dependência perigosa de investidores voláteis. Estes fundos, altamente sensíveis a flutuações de preços, podem retirar-se do mercado ao primeiro sinal de problemas, exacerbando a pressão sobre os juros de longo prazo e tornando o financiamento governamental mais caro e imprevisível.
O relatório salienta que esta bomba-relógio é particularmente ameaçadora para as economias emergentes com fundamentos macroeconómicos mais fracos, onde as taxas de juro reais já superam o crescimento económico.
Para estas nações, o FMI é perentório, é urgente desenvolver mercados de capitais locais mais profundos e diversificados, afastando-se da dependência excessiva do sistema bancário doméstico para financiar o Estado. A calmaria actual nos mercados, conclui o Fundo, deve ser usada para desarmar esta ameaça antes que ela se materialize.

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