‘Caiu o pano’ sobre o Fórum China-África, realizado entre 04 e 06 deste mês. Não obstante a crescente queixa de que o pagamento de dívidas à China está a sufocar muitas economias africanas, os líderes do continente saíram de Pequim com acordos ‘fechados’ para novos empréstimos.
O ‘gigante’ asiático aproveitou o fórum para reafirmar a sua presença no continente, prometendo desembolsar, nos próximos três anos, 50 mil milhões de dólares para África, avançou o Presidente Xi Jinping.
O comércio entre China e África aumentou de 10,5 mil milhões de dólares em 2000 para 282,1 mil milhões de dólares em 2023: 26 vezes em 23 anos, lê-se num extenso artigo do marroquino Le360, que refere que o stock de investimento directo da China no continente ultrapassou os 40 mil milhões de dólares.
Durante este período, a China esteve na origem de conquistas importantes em África, nomeadamente em termos de infra-estruturas, ao participar na construção de quase 100.000 km de estradas, mais de 10.000 km de caminhos-de-ferro, quase mil pontes, uma centena de portos e projectos eléctricos.
Mas as relações económicas China-África continuam globalmente desequilibradas. Por exemplo, a balança comercial é largamente excedentária, em benefício da China, observa o portal marroquino.
Em 2023, a China exportou 173 mil milhões de dólares para os 54 países africanos e importou da região um total de 109 mil milhões USD, arrecadando um excedente de 64 mil milhões de dólares.
Uma situação que pode ser explicada pela natureza das trocas comerciais: a China exporta produtos manufacturados (têxteis, roupas, máquinas, electrónicos, etc.) e importa matérias-primas (minério, petróleo, produtos agrícolas, etc.).
E se a China oferece a cerca de 30 países africanos acesso isento de tarifas a muitos produtos, lê-se no portal, é principalmente para abastecer as suas fábricas e torná-las mais competitivas.
E no que diz respeito ao financiamento, especialmente de infra-estruturas, nos últimos 23 anos, a China concedeu 1.306 empréstimos no valor de 182,3 mil milhões de dólares a 49 países africanos e 7 instituições regionais.
Não obstante a sua utilidade, estes empréstimos contribuíram para o endividamento de muitos países do continente, alguns dos quais foram forçados a prometer e/ou vender os seus recursos naturais para pagar à segunda potência mundial.
“A redução do peso da dívida constitui para muitos Estados africanos um imperativo urgente para dar à economia destes países devedores um espaço económico vital para respirar. É também desejável que, no contexto do nosso esforço de industrialização, a carteira de investimentos privados em África seja suficientemente diversificada para se estender para além do domínio clássico dos recursos mineiros e energéticos”, sublinhou o presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat.
Uma situação que levou a China a rever a sua estratégia, optando por empréstimos mais reduzidos para financiar projectos mais modestos. Esta estratégia visa garantir que a China prossiga a sua cooperação com o continente de uma forma mais sólida e sustentável.

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