Nuno Caldas, secretário de Estado para a Comunicação Social, anunciou um aumento salarial nos órgãos de comunicação social públicos de 27% em Outubro e 31% em Janeiro de 2026, como uma das ‘conclusões’ do encontro desta quinta-feira, em Luanda, que contou com a presença do ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), e dos presidentes dos Conselhos de Administração das empresas públicas do sector.
O governante, que falava aos jornalistas após a reunião, explicou que o objectivo deste incremento é valorizar o capital humano, tendo destacado os investimentos em curso na modernização dos órgãos públicos de comunicação social e os programas sociais ligados à providência.
André Mussamo, secretário-geral adjunto e porta-voz do SJA afirma, entretanto, que, não tendo a entidade patronal cumprido com o acordo assinado em Maio último, está em pé a assembleia de membros convocada para 2 de Setembro próximo.
Neste encontro, fez saber o sindicalista na entrevista abaixo que concedeu em exclusivo à revista Economia & Mercado, os profissionais da RNA, TPA, ANGOP, Edições Novembro, TV Zimbo e Grupo Media Nova vão decidir sobre o ponto único da reunião: Deliberação sobre Convocatória de Greve por incumprimento do Caderno Reivindicativo apresentado às entidades empregadoras.

O Executivo acaba de anunciar um aumento salarial nos órgãos de comunicação social públicos de 27% em Outubro próximo e de 31% em Janeiro de 2026. Esta informação torna sem efeito a assembleia de membros convocada pelo SJA para 2 de Setembro?
Não, pelo contrário. A reunião com o Ministério foi só mais uma reunião, nós mantemos a nossa agenda e reiteramos a convocatória para a assembleia geral dos membros do Sindicato dos Jornalistas Angolanos para o dia 2 de Setembro, às 14h.
Este aumento de 58% não satisfaz? O que é que está em causa?
Não quero entrar no mérito da reunião. Tivemos uma reunião com o ministro da Comunicação Social e os PCAs dos órgãos públicos de Comunicação Social, esta reunião não interfere em nada na nossa convocatória da assembleia de membros, marcada para 2 de Setembro.
Os trabalhadores querem mais?
Nós, o Sindicato, sob o mandato dos nossos membros, pedíamos às entidades patronais um aumento salarial de 100%. Foi conseguido [em Maio] um acordo em relação ao primeiro ponto, porque o caderno tem 14 pontos, e houve um acordo, que está plasmado em acta, assinada por todos os presidentes dos Conselhos de Administração. Na contraproposta, eles ofereciam 58%. Depois, vieram-se contradizer, na esfera pública, já não mais numa mesa negocial, mas por via da comunicação social, dizendo que não era bem isto que tínhamos acordado. E estes 58% deviam ser implementados no mês de Agosto, pagando, igualmente, o retroactivo a contar de Junho. O Sindicato convocou os seus membros para uma assembleia, porque qualquer decisão do Sindicato é dirigida pela assembleia, pelos seus membros. E é isso que vamos fazer na terça-feira.
A entidade empregadora está a contradizer-se? Como?
Os Conselhos [de Administração] estão-se a desdizer. Temos um acordo, e não sei por que cargas de água é que recuam e dizem que não é bem isso. Todas as ofertas que vêm fora deste acordo não engajam o Sindicato.
Disse que o ponto 1 foi cumprido?
O ponto que foi cumprido foi o 1.º, em relação ao aumento salarial, que nós reclamávamos 100% e a contraparte nos apresentou 58%, com os quais nós concordámos. O Sindicato deu um sim a estes 58%. Portanto, de uma perspectiva de 100%, como se diz ‘mais vale um na mão do que dois a voar’: pede 100 e o outro disse que só posso dar 58, nós concordámos.
Ainda assim, não se cumpriu…
Infelizmente, não foi implementado, porque estava previsto para ser implementado agora, por altura do pagamento dos salários de Agosto, com retroactivo a contar de Junho. Portanto, há um incumprimento das entidades patronais, e é este incumprimento que vai ser informado na terça-feira, na assembleia de membros, e, depois, a assembleia vai deliberar, tal como mandam os Estatutos, impõe a própria Lei, e os membros são livres de sugerir qual o próximo passo que devemos dar enquanto Sindicato.

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