A inteligência artificial (IA) e as telecomunicações estão a transformar profundamente o panorama financeiro africano. De sistemas bancários digitais a soluções inovadoras de inclusão financeira, a tecnologia tem desempenhado um papel decisivo na redefinição da utilização dos serviços financeiros. A rápida expansão das redes móveis e da internet, combinada com o avanço da IA, está a transformar a forma como milhões de africanos movimentam dinheiro, acedem a crédito e realizam transacções diárias. Países como o Quénia, a Nigéria e a África do Sul lideram esta revolução tecnológica, que promete não apenas maior eficiência, mas também uma nova era de oportunidades económicas.
A revolução digital das finanças e da banca
O sector dos serviços financeiros é um dos mais impactados pelas ferramentas baseadas em IA. Os modelos inteligentes avaliam a solvabilidade de pessoas sem histórico de crédito tradicional, analisando fontes de dados alternativas e promovendo, deste modo, a inclusão financeira.
De acordo com o relatório da Mastercard sobre IA em África (Mastercard AI in Africa 2025), a Tala, sediada no Quénia, utiliza dados de telemóveis e comportamento de pagamento para facilitar a aprovação de microcréditos. Já a Jumo, presente em países como Gana, Tanzânia, Quénia, Uganda, Zâmbia, Costa do Marfim e África do Sul, recorre à aprendizagem automática para criar produtos financeiros personalizados destinados a pessoas sem acesso a serviços bancários.
Chatbots e assistentes virtuais movidos por IA estão também a transformar o atendimento bancário, oferecendo suporte contínuo e reduzindo custos operacionais.
A Kudi.ai, na Nigéria, começou como um chatbot em plataformas de mensagens, ajudando utilizadores com pagamentos e transferências.
O grupo sul-africano Absa introduziu a assistente virtual Absa Abby, baseada em processamento de linguagem natural (PNL), para responder às dúvidas dos clientes e orientá-los nas tarefas bancárias básicas, cita a ITWeb.
A Internet das Coisas (IoT) também avança no sector financeiro africano.
A M-KOPA, do Quénia, integrou tecnologias IoT na sua plataforma digital de micropagamentos, processando até 500 pagamentos por minuto e atendendo mais de 3 milhões de clientes em todo o continente.
‘Mapeando’ os líderes...
O Quénia continua a destacar se como um pólo de inovação em fintech e IA. Fontes da IT News Africa dão conta de que o país implementou uma nova Estratégia Nacional de IA (2025 2030) que visa posicioná-lo como líder regional de investigação, inovação e comercialização de IA. No segmento de fintech/pagamentos móveis, o ecossistema do M Pesa é frequentemente citado como pioneiro, sendo que o Quénia aparece repetidamente nos relatórios como país com forte penetração de carteiras móveis, transacções digitais e infra estrutura de pagamentos móveis. Em termos de IA, embora ainda haja desafios (infra estrutura, dados, talentos), o Quénia está a apostar em hubs de inovação, incubadoras e parcerias que alavancam a vantagem de “mobile first” e uma população jovem conectada.
Por sua vez, a Nigéria é identificada como um dos mercados africanos mais dinâmicos em fintech e IA. No relatório da McKinsey sobre pagamentos electrónicos, o país aparece entre os cinco que mais contribuem para a transição digital nos pagamentos (Egipto, Gana, Quénia, Nigéria, África do Sul), estimando-se que poderia ter uma das taxas de crescimento mais rápidas (~35%/ano) entre 2020 2025.
Na área de telecomunicações e IA, há casos de operadores que estão a explorar IA para optimização de rede, serviços ao cliente e combate à fraude, embora a escala ainda seja variável. Mas, apesar do potencial elevado, persistem obstáculos como infra estrutura desigual, regulamentação que varia, e desafios de confiança e implementação.
Já a África do Sul é vista como o maior mercado absoluto de pagamentos electrónicos no continente. No relatório da McKinsey, é referido que, em 2025, provavelmente seria o maior mercado em termos de receitas provenientes de pagamentos electrónicos domésticos. Em termos de IA, o país tem vantagens relativamente mais desenvolvidas em infra estrutura de dados, investigação e aplicações de IA no sector corporativo. Por exemplo, a Business Tech Africa reportou que a MTN Group (operador na África do Sul e outros mercados africanos) lançou iniciativas de IA que resultaram na melhoria de rede (redução de custos operacionais). A combinação de mercado mais maduro, boas infra estruturas e capital permite à África do Sul estar bem posicionada para explorar IA, fintech e telecomunicações integradas.
Para esses países, os factores de força incluem já terem redes de agentes fortes, boa penetração de mobile money, experiência fintech e ambiente de inovação. No entanto, precisam de reforçar a expansão fora das zonas urbanas, harmonização regulatória para operar em múltiplos países africanos, segurança reforçada e modelos de monetização mais ricos (além de P2P). O mercado está preparado, mas a infra estrutura rural, a inclusão a confiança permanecem cruciais.
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