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Importação de mão-de-obra estrangeira encarece produção local

Cláudio Gomes
31/5/2023
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Foto:
Carlos Aguiar

Os grandes projectos agrícolas do País dependem em "grande medida" da mão de obra estrangeira qualificada importada para dar suporte técnico tem onerado o custo final dos produtos no País.

A constatação é do empresário do agronegócio Manuel Monteiro que interveio Nas conferência Sanlam que debateu recentemente em Benguela “O sector agrícola em Angola: desafios e potencialidades”, num painel composto por representantes da Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações de Angola (AIPEX), da Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (ARSEG), do International Finance Corporation (IFC), da Uinervirsidade José Eduardo dos Santos (UJES) e da Sanlam Angola.

“Temos um grande constrangimento que nunca é referenciado que é tem que ver com o pessoal qualificado”, realçou Manuel Monteiro que falava em representação do presidente da Associação Agropecuária de Angola (AAPA), Wanderlei Ribeiro, no evento organizado à margem da 12ª edição da Feira Internacional de Benguela (FIB) que encerrou ontem, sábado, 27 de Maio com a participação de 368 expositores.

Segundo o empresário, o sector agrícola está num "emaranhado" de constrangimentos que não concorrem para o amortecimento do custo de produção local.

A ausência de quadros nacionais qualificados é na opinião de Manuel Monteiro, um dos princípais desafios, situação que tem colocado os promotores de grandes projectos agrícolas numa condição difícil que os obriga a importar pessoal estrangeiro melhor qualificado.

Disse tem havido repulsa dos técnicos maioritariamente formados nas universidades que se dedicam ao sector da agricultura. “Os grandes projectos agrícolas em Angola, boa parte depende da mão-de-obra estrangeira. Temos técnicos, engenheiros agrônomos que não se dedicam e o recurso tem sido a mão-de-obras estrangeira que por razões conhecidas acabam por onerar muito o custo final dos produtos”, afirmou.

Além deste constrangimento, referiu, o preço final dos produtos nacionais são também agravados por falta de infras-estruturas de rede de transporte de energia eléctrica, asfaltagem de estradas principais, secundárias e terciárias.

“Angola tem um dos grandes desafios que é a industrialização do País. Todos sabemos que o País não produz agroquímicos e fertilizantes, embora começa-se a dar os primeiros passos a nível de produção de sementes de cereais, mas ainda não produz sementes de hortícolas”, salientou, afirmando que os desafios são enormes e que precisa-se de um ordenamento do território.

De acordo com a fonte, as dificuldades com os custos de produção serão sempre um desafio enquanto o País não dispor também de estruturas como um sistema logístico apto e que por via disso não será possível baixar os custos de produção baixarem com o agravante da protelação da moeda.

“É do conhecimento de todos que nos últimos dois meses não tem havido disponibilidade (moeda) e isso acaba por incitar o mercado. Fazendo uma logística com base na importação, se a desvalorização é acentuada em dois meses claramente que irá refletir no produto a importar apesar de  os produtos agrícolas tenham estado a baixarem em relação ao mercado internacional”, disse.

Às vezes produzimos em províncias como Cuando Cubango, Bié, e o preço do frete é quase igual ao de um navio que sai da Europa ou da Ásia por causa do mau estado das estradas. São estes constrangimentos que concorrem para que os custos de produção sejam sempre muito altos.

IFC pronta para prestar assistência

Convidado no painel em referência, o representante do  IFC, instituição financeira de desenvolvimento afecto ao Banco Mundial, disse que a instituição trabalha com o sector privado e está pronta para apoiar o agro-negócio.

Em relação a qualificação de quadros nacionais, Vasco Nunes referiu que se trata de uma  questão que pode ser resolvida com assistência técnica que no entender do especialista é muito importante em mercados como o nacional uma vez que “existe muito capital, muito mercado, mas não existe know how”.

“O IFC pode oferecer muita assistência técnica no desenvolvimento e no fortalecimento destes negócios. Para nós é estratégico que o desenvolvimento do sector agrícola sejam as grandes fazendas de referência mas os pequenos produtores rurais sejam incluídos nas cadeias de valores”, frisou intervindo no painel sobre “O sector agrícola: desafios e potencialidades”.
Vasco Nunes - International Finance Corporation

Em relação ao fomento do agronegócio, Vasco Nunes disse que a instituição dispõe de três soluções indústrias que podem ajudar a colmatar dificuldades vivenciadas pelos operadores sem deixar de lado os pequenos agricultores dos países emergentes.

O primeiro tem que ver com o sector real onde apoia investimentos de empresas agrícolas ou da cadeia de valor agrícola como insumos, produção primária, processamento agro-alimentar.

A segunda está relacionada com apoio às instituições financeiras especificamente banca e seguros e por fim uma solução para o sector das infras-estruturas para grande empreendimentos com foco no sector privado ou em parcerias público-privada para projecto de energia, vias de comunicação e infra-estrutura hidráulicas, respectivamente.

“Com as suas fontes de financiamento, o IFC pode impactar projectos directos no sector real ao financiar o sector agrícola mas também o desenvolvimento de infra-estruturas e mecanismos de financiamentos e mitigação de riscos do negócio”, explicou.

A Sanlam Angola, empresa do Grupo Sanlam, organizou duas conferências durante a 12ª edição da FIB, onde trouxe a baila temas central do certame (O Corredor do Lobito) que focaram nas potencialidade e desafios da cadeia de valor do sector agrícola (agro-negócios e seguros) e do Corredor do Lobito (transportes e logística).

A 12ª edição da Feira Internacional de Benguela (FIB), que decorre no Estádio Nacional de Ombaka, foi co-organizado pela Eventos Arena, empresa angolana que coordena a realização de feiras, e o Governo da Província de Benguela (GPB).

A seguir a FIB, terá lugar de 18 a 22 de Julho deste ano, na Zona Económica Especial (ZEE), a Feira Internacional de Luanda (FILDA), maior evento do programa de feiras da empresa organizadora, numa organização conjunta com o Ministério da Economia e Planeamento (MEP).