A Inteligência Artificial (IA) generativa vai transformar as organizações, acelerar os processos de transformação digital e, principalmente, toda a componente de adopção de boas práticas na vertente corporativa, assim como na componente da ética, segundo Sérgio Lopes, CEO da New Cognito.
Participando como orador na mesa-redonda “Transformação Digital e GRC – Governança, Risco e Compliance”, do evento promovido pelo PMI – Project Management Institute Angola, que debateu as formas como as tecnologias emergentes podem conduzir a transparência nos projectos em Angola, Sérgio Lopes começou por defender o papel central do capital humano e a necessidade de se envolver as pessoas na jornada de governação corporativa.
“Primeiro temos de envolver e trazer as pessoas para esta jornada. Não faz sentido definirmos um plano estratégico ou um plano de acção nas nossas organizações sem que, desde o primeiro momento, ou seja, desde a fase de idealização e de desenho, consigamos envolver, ouvir e ter os inputs daqueles que fazem parte do ecossistema”, explica o especialista.
Em segundo lugar, e não menos importante, é o vector da qualificação. Para o especialista, não se pode iniciar uma jornada de governação corporativa sem qualificar as pessoas. “E este é provavelmente o maior desafio, não só em Angola, mas na actualidade”, refere o especialista, segundo nota enviada esta terça-feira, 24, à E&M.
Acrescentando, Sérgio Lopes explica que as equipas de recursos humanos e as direcções de capital, qualquer que seja o processo de transformação – seja na adopção de gestão de risco e compliance ou noutro projeto –, devem estar envolvidas e ser o motor da mudança.
“Quando olhamos para uma organização e chegamos a um projecto de transformação, temos de olhar para as pessoas e conhecermos muito bem o ecossistema em que estamos inseridos e a massa crítica que está à nossa volta para, a partir daí, alavancarmos uma estratégia de mudança. O factor-chave é este: conhecermos o ecossistema e não potenciarmos uma abordagem em que essa mudança vai destruir o ecossistema. A mudança tem primeiro de se adaptar ao ecossistema para, depois, trazer gradualmente a disrupção”, refere.
Num olhar para a New Cognito, empresa onde assume a função de CEO desde Abril deste ano e que se encontra numa fase de transformação e reorganização estratégica, Sérgio Lopes explica que está neste momento a conhecer a equipa e todo o ecossistema da empresa, presente em Angola e noutros três países africanos, com o propósito de, até ao final de 2025, potenciar toda esta estruturação para, a partir de 2026, acontecer a disrupção interna e, consequentemente, para o exterior.
“O epicentro, hoje, é África e não podemos ter a menor dúvida disso. E quando olhamos para a New Cognito, não vai ser diferente. O que nós queremos fazer é uma abordagem em que, a partir de Angola, vamos pegar nas pessoas e fazer projectos para fora”, concluiu.
Componente ética no contexto nacional
Olhando para a componente ética no contexto nacional, o alto responsável da New Cognito entende que hoje existem três níveis de maturidade. Aponta o sistema financeiro como o primeiro elemento, que entende estar mais maduro quando comparado com outros, explicando que o regulador é muito exigente ao nível da adopção de boas práticas dentro do respectivo ecossistema empresarial.
Um segundo nível são as empresas de Oil & Gas, que, a seu ver, também são extremamente exigentes, bem como algumas tecnológicas que começam a implementar, dentro daquilo que é a sua governança, boas práticas ao nível da ética e da adopção de políticas, inclusivamente de gestão de risco.
“E depois temos um terceiro nível, no qual está a maioria das empresas, num estado ainda muito primário ou a dar os primeiros passos”, acrescenta o especialista.