Angola parte de um contexto exigente, onde a banca e o sector financeiro operam com infra-estruturas heterogéneas, o Oil & Gas governa dados críticos dispersos e persistem baixos níveis de literacia, sobretudo financeira, acompanhados por uma inclusão limitada.
Os meios de pagamento continuam dominados pelos canais tradicionais e por algumas carteiras móveis, onde as TELCOS lideram a adopção, no entanto, a aceitação no retalho permanece irregular.
É precisamente neste cenário que a Inteligência Artificial pode gerar valor tangível, desde que aplicada com pragmatismo e em conformidade com a legislação e regulamentação vigentes, nomeadamente a Lei 22/11 (Protecção de Dados), a Lei 23/11 (Comunicações Electrónicas e Sociedade da Informação), a proposta de Lei de IA, a Estratégia de IA da União Africana, o Pacto Digital Africano, a Declaração de Bletchley e o AI Act europeu.
Quais são as principais frentes de impacto imediato?
Pagamentos e inclusão
• Scoring alternativo com dados, para micro‑crédito e pay‑later regulado;
• Motores de decisão explicáveis para KYC/AML que reduzam falsos positivos e tempo de aprovação;
• Interoperabilidade entre POS, carteiras e banca, com roteamento inteligente para baixar custos dos comerciantes.
Banca e Finanças
• MLOps (Machine Learning Operations) e model cards para crédito, gestão de risco e previsão de incumprimento;
• Chatbots bancários bilingues (português + línguas nacionais) para educação financeira e redução de pressão nas agências;
• Detecção de fraude em tempo real com aprendizagem contínua.
Oil & Gas
• Modelos de manutenção preditiva (falhas de bombas/compressores), optimização de supply chain e reconciliação automática de produção vs. expedição;
• Visão computacional para segurança operacional e integridade de activos.
TELCOS
• Planeamento de rede com IA e gestão de churn;
• Edge computing para pagamentos de baixa latência e melhor experiência do utilizador.
Como a New Cognito está a liderar este novo paradigma?
A estratégia assenta na introdução de disrupção e inovação ao longo da jornada de transformação digital das organizações, independentemente do sector em que operam.
O objectivo é liderar e potenciar todas as fases críticas, começando pelo desenho de arquitecturas de dados soberanas, sustentadas por uma governação robusta e avaliações de impacto na protecção de dados (DPIA), complementadas por contractos de dados transparentes e catálogos que assegurem partilha segura e eficiente.
Outro pilar essencial é a criação de plataformas de integração entre sistemas críticos, como soluções core, carteiras digitais e gateways, garantindo interoperabilidade e eficiência operacional.
Paralelamente, a New Cognito aposta na implementação de uma verdadeira “fábrica” de modelos explicáveis, com mecanismos de medição de viés e auditoria, apoiada por um centro de competências dedicado à formação de equipas angolanas, preparando-as para os desafios da Inteligência Artificial.
Por fim, programas de literacia e inclusão financeira digital, desenvolvidos em parceria com órgãos do Governo, bancos, operadoras de telecomunicações e reguladores, serão determinantes para promover confiança e acelerar a adopção de soluções digitais no ecossistema angolano.
Este é o momento de agir. A transformação digital não é apenas uma tendência tecnológica, é uma alavanca para diversificação económica, competitividade e inclusão social. Ao investir em talento local, infra-estruturas e inovação responsável, Angola pode reduzir a dependência externa, criar novos mercados e gerar oportunidades para milhares de cidadãos. A chamada é clara, colaboração entre Governo, empresas e sociedade civil para construir um futuro digital soberano e inclusivo.
Condições determinantes para criar um ecossistema favorável
Para que Angola transforme a Inteligência Artificial de promessa em realidade, é essencial criar condições estruturantes que sustentem um ecossistema digital robusto e inclusivo. Entre as medidas prioritárias, destaca-se a implementação de um Portal Nacional de Dados de Treino, com mecanismos de anonimização e licenças claras para garantir segurança e transparência na partilha de informação.
Outro passo crucial é disponibilizar capacidade computacional partilhada, através de plataformas públicas de GPU, acessíveis a startups e universidades, democratizando o acesso a recursos tecnológicos avançados. Paralelamente, a criação de sandboxes regulatórios, envolvendo entidades como BNA, INACOM, APD e a futura Autoridade de IA, permitirá testar soluções inovadoras em ambientes controlados, enquanto compras públicas orientadas para inovação darão escala a casos com impacto social.
Com estas iniciativas, a IA deixa de ser apenas uma promessa para se tornar um verdadeiro motor de inclusão, competitividade e soberania digital em Angola, onde cada kwanza transaccionado é também um byte de confiança.
Agora é o momento de agir. Decisores públicos e privados devem assumir que a transformação digital exige mais do que vontade política, requer competências tecnológicas ao nível dos órgãos de decisão. Sem líderes capazes de compreender os fundamentos da IA, da governação de dados e da cibersegurança, qualquer estratégia corre o risco de falhar.
É imperativo investir na formação de executivos e gestores, para que possam tomar decisões informadas e garantir que Angola não apenas consome tecnologia, mas constrói soluções próprias que geram valor económico e impacto social duradouro.
%20-%20BAI%20Site%20Agosto%20%20(1).png)










.jpg)


