O mundo perdeu uma das suas vozes mais influentes. Jimmy Cliff, nome artístico de James Chambers, faleceu esta segunda-feira, aos 81 anos, vítima de pneumonia, na sequência de uma convulsão. A informação foi confirmada pela família, que, através das redes sociais, manifestou profunda tristeza e pediu privacidade neste momento difícil.
A sua morte encerra um capítulo decisivo da história do reggae, mas o legado que deixa, e que ultrapassa largamente o universo musical, permanece vivo. Cliff tornou-se símbolo de consciência social, de resistência às desigualdades e de afirmação da identidade negra e da diáspora africana.
Nascido a 30 de Julho de 1944, em St. James, Jamaica, Jimmy Cliff cresceu em ambiente humilde e mudou-se ainda jovem para Kingston (Jamaica), onde se destacou num período de grande efervescência criativa. Com temas como “Many Rivers to Cross”, “You Can Get It If You Really Want” e “Wonderful World, Beautiful People”, tornou-se um dos principais responsáveis pela projecção internacional do reggae.
A sua participação no filme “The Harder They Come” (1972), hoje considerado obra fundadora da cultura jamaicana global, consolidou-o como ícone incontornável da música e do cinema. O artista foi distinguido com a "Order of Merit da Jamaica", uma das mais altas honrarias nacionais, e incluído no Rock & Roll Hall of Fame em 2010. Mais do que um músico, Jimmy Cliff foi um agente de transformação. A sua obra esteve sempre alicerçada em mensagens de justiça, identidade e resistência social.
Ao longo da carreira, abordou temas como colonialismo, migração, discriminação racial e empoderamento da diáspora africana. Em várias entrevistas, afirmou sentir-se parte orgânica de África, defendendo a unidade dos povos e criticando fronteiras que perpetuam desigualdades.
A sua postura pública e o conteúdo das suas letras tornaram-no referência para movimentos juvenis, culturais e políticos em diversas partes do mundo.
Jimmy Cliff foi também presença activa em causas globais: participou na campanha Artists United Against Apartheid, com o emblemático tema “Sun City”, denunciando o regime sul-africano; e defendeu os direitos de refugiados e migrantes — tema que inspirou o álbum “Refugees” (2022), no qual afirmou que “refugiados são pessoas comuns que fazem milagres acontecer”.

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