O Presidente de Angola e líder da União Africana (UA), João Lourenço, convidou, neste domingo, 21, em Nova Iorque, os investidores a olharem para África não apenas como fornecedora de matérias-primas, mas como “a nova fronteira de transformação produtiva, de inovação tecnológica e de competitividade global”, em consonância com a visão da Agenda 2063 da União Africana.
Ao intervir numa mesa redonda enquadrada no rol de eventos paralelos que marcam a agenda deste ano da Assembleia Geral da ONU, como a conferência Unstoppable Africa 2025, o estadista africano defendeu que o sector privado desempenha um papel central como motor da inovação, da criação de emprego e da diversificação económica, constituindo-se como parceiro indispensável na construção do futuro de África.
João Lourenço recordou que se manteve, durante décadas, um padrão de investimentos no continente africano que se concentrou predominantemente nas indústrias extractivas, com “impacto limitado” no desenvolvimento estrutural e no bem-estar das populações.
“Este modelo tem que fazer parte do passado, para dar lugar à promoção de parcerias estratégicas com benefícios que, tenho a certeza, serão inquestionavelmente recíprocos e contribuirão não apenas para a modernização das infra-estruturas, mas também para a dinamização da transformação produtiva e industrial, o que terá seguramente um impacto positivo na economia mundial”, disse.
Referiu que a visão da UA para o continente aponta para a “necessidade e a urgência” de se mudar o foco da simples exportação de matérias-primas em estado bruto, para um paradigma em que se incentive o investimento do sector privado em cadeias de valor agro-industriais, na mineração com maior incorporação de valor acrescentado e em sectores de transformação produtiva que potenciem a geração de emprego qualificado, o fortalecimento da competitividade regional e a retenção de riqueza dentro do continente.
“Neste esforço, considero que as Parcerias Público-Privadas assumem um papel decisivo ao permitirem que o capital privado financie, opere e expanda infra-estruturas críticas nos domínios da energia, dos transportes, das telecomunicações e da água, pois entendo que este modelo ajudaria a reduzir a pressão sobre os orçamentos públicos, a acelerar o acesso a serviços essenciais e a gerar impactos duradouros no desenvolvimento económico e social”, sublinhou.
Zona de Comércio Livre Continental Africana
De acordo com o presidente da União Africana, são muitos os factores que potenciam a capacidade de África para seguir em frente nos seus esforços de desenvolvimento, tendo destacado a Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA), para quem constitui “a maior oportunidade económica” do tempo actual.
João Lourenço realçou que a ZCLCA é um mercado integrado de mais de 1,3 mil milhões de consumidores e um Produto Interno Bruto superior a 3 biliões de dólares, o que oferece ao sector privado do continente, e não só, “condições únicas para investir, expandir operações e prosperar em segurança”.
Para o estadista, ao eliminar barreiras tarifárias, harmonizar quadros regulatórios e promover cadeias de valor regionais, a Zona de Comércio Livre Continental Africana cria um ambiente favorável a investimentos que não apenas asseguram retornos financeiros sólidos, mas também impulsionam a industrialização, a geração de emprego qualificado e a retenção de riqueza em África, consolidando a base de um crescimento inclusivo e sustentável.

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