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Mais de seis décadas de União. Como está África hoje?

Hermenegildo Langa
27/5/2025
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Foto:
DR

A pobreza, a educação e uma paz efectiva estão entre vários obstáculos que continuam a desafiar a maioria dos países africanos.

Há 62 anos nascia um movimento de união dos países africanos com um propósito claro: libertar o continente do colonialismo, mas também tornar os países cada vez mais unidos rumo ao desenvolvimento. Hoje, não há dúvida que a descolonização foi o único grande ganho, mas há uma série de desafios que continuam ainda longe de serem ultrapassados. Aliás, alguns deles são bem antigos, e outros recentes.

A pobreza, a educação e uma paz efectiva, são entre vários obstáculos que continuam a desafiar a maioria dos países africanos. Associados a isto, o terrorismo e as mudanças climáticas entraram actualmente em cena para uma África que continua ainda dependente do Ocidente.

O Dia da África (anteriormente chamado Dia da Liberdade de África e Dia da Libertação de África) é a comemoração anual da fundação da Organização da Unidade Africana (OUA), hoje conhecida como União Africana, a 25 de Maio de 1963. A data é comemorada em vários países do continente africano.

Actualmente, falar de África é mesmo falar dos problemas que acompanham muitos africanos embora seja um continente rico em recursos naturais na sua diversidade.

O docente e especialista em Relações Internacionais, Calton Cadeado, afirma que a independência dos Estados africanos foi o principal e maior ganho do continente que permitiu que os povos tenham hoje um Estado, liberdade e soberania. “A independência política dos Estados africanos é um ganho, é uma conquista que até hoje é celebrada”, referiu o académico.

Ainda assim, para Calton Cadeado, apesar dos países africanos terem alcançado esse marco (a independência), excepto o Sahawí, a unidade no unidade no continente continua a ser um desafio, pois devido aos vários problemas que aflige o continente, os países têm vindo a lutar de forma individual para ultrapassá-los.

“Hoje temos vários alvos, pobreza, sub-desenvolvimento, terrorismo e tudo mais. Já não temos a mesma unidade, porque cada um está a agir de forma mais focada para defender o seu próprio interesse. Estão a ter atitudes mais egoístas do que necessariamente atitudes mais de unidade e cooperação para lidar com isso”, apontou o especialista, sublinhando que “isso desafia a própria União Africana, os povos africanos”.

Partilhando a mesma ideia, a ministra moçambicana da Educação e Cultura, Samaria Tovela, defende que a África deve reflectir sobre os valores da liberdade, coesão continental, paz, desenvolvimento sustentável e dignidade humana. “As comemorações desta data devem servir para reforçar a resiliência dos nossos povos”, acrescentou.

A luta pelo desenvolvimento

O discurso de desenvolver o continente já perdura há décadas, mesmo assim não passa de um sonho ainda por se alcançar. A este respeito, a analista político moçambicana, Judite Sitoe, encontra a justificação para prevalência de deste problema a uma combinação de causas domésticas (a corrupção e o crescimento demográfico) e de causas externas (terrorismo e conflitos).

“E hoje em dia, os países africanos têm vindo a se deparar com o terrorismo. O terrorismo é uma ameaça ao desenvolvimento dos Estados e ao desenvolvimento das sociedades, das comunidades. Primeiro, porque afecta a coesão. Segundo, porque afecta a demografia. Há muita gente que está a morrer.”

Face a este desafio, o académico Calton Cadeado, também assume que o desenvolvimento em África continua ainda uma miragem, realçando que as disputas geopolíticas puxam os estados africanos a terem de tomar decisões em função dos interesses das grandes potências mundiais.

Por sua vez, a Secretária moçambicana de Estado da Cultura, Matilde Muocha, defende a necessidade de se investir na população juvenil africana, que é a maioria, para ser a produtora de progresso.

“Não é de ignorar o número da população africana, bem como da população juvenil africana, na qual deve ser feito o investimento para que seja produtora de progresso”, acrescentou, lamentando a falta de uma agenda comum, devido à falta de comunicação entre os povos africanos, que torna difícil a partilha de certos recursos, especialmente os básicos.