As autoridades marroquinas têm apostado forte, nos últimos anos, na oferta de transporte multimodal, com a ambição de reduzir os custos logísticos de 20% para 12% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2035, conforme previsto no Novo Modelo de Desenvolvimento.

O país, noticia o portal Le360, desenvolveu um ecossistema diversificado que combina metro de superfície, redes de autocarros, linhas ferroviárias regionais e TGVs (comboios de alta velocidade), com o objectivo de modernizar a mobilidade urbana, agilizar as viagens e fortalecer a competitividade logística do Marrocos.

O sector ferroviário ocupa um lugar central neste programa. A 24 de Setembro de 2025, a monarquia africana lançou um vasto programa de infra-estruturas ferroviárias avaliado em 20 mil milhões de dirhams (cerca de 2,1 mil milhões de dólares). 

O propósito deste investimento, que é parte de um plano geral de 96 mil milhões USD, é de expandir e modernizar a rede ferroviária para conectar as principais cidades de forma eficiente, promovendo, ao mesmo tempo, um transporte público sustentável com baixa emissão de carbono.

O projecto emblemático desta nova geração de infra-estrutura é a futura estação Casablanca-Sud, que terá capacidade para 12 milhões de passageiros por ano, projectada como um hub intermodal, conectando comboios de alta velocidade, linhas regionais, metro de superfície e linhas expressas ao Aeroporto Mohammed V. 

Segundo o portal marroquino, duas outras estações estratégicas serão igualmente construídas, uma em Benslimane, perto do Grand Stade Hassan II, e a outra directamente integrada ao Aeroporto de Casablanca, elevando a sua capacidade combinada para 17 milhões de passageiros por ano.

Esta estratégia não é, entretanto, nova. Já em 2006, recorda o portal consultado pela E&M, Marrocos desenvolveu um Plano Director para comboios de alta velocidade, que foi complementado em 2014 pelo Plano Ferroviário Marrocos 2040. Este documento de referência prevê a extensão da rede de alta velocidade em 1.500 km e a modernização geral da rede ferroviária.

Nesse sentido, a ONCF, empresa de referência do sector, consolidou, recentemente, a aquisição de 168 metros, incluindo 18 TGVs, por um total de 2,8 mil milhões de euros (3,2 mil milhões €). Esses investimentos fazem parte de um programa global de 8 mil milhões de euros que serão injectados entre 2024 e 2030. 

Entre as prioridades deste vasto plano estão a preparação para a co-organização do Mundial de futebol de 2030 com a Espanha e Portugal, o fortalecimento das ligações intermunicipais (Fez-Marrakech, Kenitra-Fez) e a implantação de cinco linhas do tipo RER (Rede Expressa Regional) em torno de Casablanca.