O mercado de bolsa de acções (MBA) angolano registou um crescimento notável de 73% no volume de transacções no primeiro semestre de 2025, um sinal de dinamismo que, no entanto, não consegue disfarçar os desafios profundos de liquidez e a dependência quase exclusiva do mercado de dívida pública.
De acordo com dados da Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA), compilados pela E&M, o valor transaccionado em acções atingiu os 2,2 mil milhões de kwanzas, contra 1,3 mil milhões no período homólogo de 2024. A verdadeira história, contudo, é contada quando este montante é comparado com o domínio avassalador dos títulos do Tesouro. As Obrigações do Tesouro Não Reajustáveis (OT-NR) lideraram o mercado com 791,25 mil milhões de Kz (34,17% do total), seguidas das Obrigações em Moeda Estrangeira (OT-ME), com 696,71 mil milhões de Kz (30%).
Potencial no número de operações vs. Volume financeiro
O indicador mais promissor para o mercado accionista reside não no valor, mas no número de operações realizadas. Enquanto o mercado de acções registou 6.257 transacções, o de OT-NR realizou 4.084 e o de OT-ME apenas 696. Esta disparidade sugere um interesse crescente e uma base de negociação mais alargada para as acções, que, apesar de terem um valor unitário muito inferior, indiciam um potencial de crescimento significativo se acompanhado por uma maior diversificação de emissores e incentivos.
“Embora modesto, o crescimento verificado no primeiro semestre indica que o mercado accionista está a ganhar impulso”, afirma o economista Miguel Manuel. “O facto de representar apenas 0,1% do total revela a predominância histórica dos títulos públicos, mas também evidencia um potencial por explorar”, acrescenta.
Para Miguel Manuel, “um mercado accionista que representa apenas 0,1% do volume total após três anos é um sinal de subdesenvolvimento, mas não necessariamente de fracasso. Comparando com outras praças africanas emergentes, como a Nigéria ou África do Sul, a BODIVA ainda está numa fase inicial. O avanço recente é positivo, mas insuficiente”.
A chave para alterar este cenário, na opinião dos analistas, está na atracção de mais companhias cotadas. A esperada chegada de pesos-pesados como o Banco de Fomento Angola (BFA) e a Unitel é apontada como um potencial ponto de viragem.

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