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Moçambique a um ‘triz’ para sua saída da lista cinzenta do GAFI

Hermenegildo Langa
18/8/2025
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Foto:
DR

Moçambique concluiu com sucesso todas as recomendações impostas pelo organismo, num processo que levou dois anos e meio de intenso trabalho e reformas profundas no sistema financeiro.

Ainda não é oficial, pois o anúncio deverá acontecer após um encontro em Setembro próximo. O certo é que Moçambique concluiu todas as recomendações do GAFI e espera sair da lista Cinzenta. Segundo avançou o coordenador do Comité Executivo do Gabinete de Informação Financeira de Moçambique, Luís Cezerilo, a avaliação decisiva terá lugar nos dias 08 e 09 de Setembro, em Maputo, com a presença de 23 avaliadores internacionais do GAFI.

Foi precisamente a 22 de Outubro de 2022, que Moçambique entrou na lista Cinzenta do Grupo de Acção Financeira Internacional (GAFI), organismo que monitora a prevenção e o combate ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo a nível global após ter se constatado lacunas na luta contra de lavagem de dinheiro. Contudo, quase três anos depois, o país volta a “sonhar ou a respirar de alívio”. E caso se efective, será realmente um alívio para o país.

Segundo Cezerilo, Moçambique concluiu com sucesso todas as recomendações impostas pelo organismo, num processo que levou dois anos e meio de intenso trabalho e reformas profundas no sistema financeiro, judicial e institucional do país.

“Chegamos ao fim. Cumprimos todas as recomendações. Isto é bom para o país, para as nossas instituições e para a imagem internacional de Moçambique. Hoje somos um país de referência para o GAFI”, destacou o coordenador, acrescentando que “a decisão só será conhecida em Outubro”.

Falando à imprensa na última sexta-feira (15), o responsável salientou que “a retirada de Moçambique da lista Cinzenta trará maior credibilidade internacional, atrairá investimentos e reforçará a confiança no sistema financeiro do país".

De acordo com Cezerilo, dos cerca de 40 indicadores avaliados pelo GAFI, restava apenas um em falta — já devidamente corrigido. Por isso, com a visita da liderança máxima do GAFI ao país, segundo o coordenador, Moçambique pode consolidar-se como um exemplo regional na prevenção de crimes financeiros, reforçando a sua imagem externa e preparando o terreno para um crescimento económico mais seguro, transparente e resiliente.

“A saída da Lista Cinzenta não é apenas um marco técnico, mas um sinal de confiança internacional no nosso país. É uma vitória colectiva que beneficia cidadãos, empresas e instituições”, concluiu Cezerilo, sublinhando que o governo quer avançar com medidas para travar um provável regresso a esta lista, quando o GAFI avaliar o País novamente em 2028.

Na reunião de Outubro, a acontecer na capital moçambicana, que será dirigido pela direcção máxima de GAFI, nomeadamente os dois vice-presidentes para a África e Paris, além dos três directores-executivos das regiões do GAFI, serão também submetidos a avaliação outros países africanos integrantes da lista Cinzenta com vista a defenderem, à semelhança de Moçambique, o seu progresso no cumprimento das recomendações. Na lista estão, entre outros países, Angola, Namíbia, Camarões, Quénia, Costa de Marfim e Sudão do Sul.

Resgate da confiança internacional

Para o economista Clésio Foia, a provável saída de Moçambique da lista Cinzenta representa mais que um ganho reputacional, pois poderá reduzir-se nos custos de transacção no comércio, facilitando financiamento externo assim como fortalecer a posição do país junto a investidores e parceiros internacionais.

Ainda assim, o economista lembra que o benefício pleno só se materializará se o país consolidar as reformas de combate ao branqueamento de capitais e mantiver resultados concretos em supervisão, transparência e recuperação de activos.

“É uma oportunidade única de transformar confiança regulatória em maior profundidade financeira, investimento produtivo e crescimento sustentável”, assinalou.

Recorde-se que em Junho, o Grupo de Acção Financeira Internacional (GAFI) reconheceu que Moçambique concluiu substancialmente o seu plano de acção, autorizando uma missão in loco antes da decisão final prevista para Setembro.