O mercado digital angolano está em crescimento, mas enfrenta grandes assimetrias de acesso e custos, alertou Sérgio Lopes, CEO da New Cognito, durante a 1.ª edição do ‘Road to NCXP’, que reuniu decisores do sector financeiro para debater “A Segurança dos Dados no Sector Financeiro”, colocando em evidência os desafios e oportunidades de Angola no contexto digital.
Sérgio Lopes destacou que, em 2024, Angola registava cerca de 14,63 milhões de utilizadores de internet, representando uma taxa de penetração de 39,3%. Apesar do avanço, o CEO alertou que o “gap entre a velocidade da digitalização (pagamentos digitais, mobile money, cloud, Inteligência Artificial) e a maturidade de segurança cria risco sistémico e custo económico”, defendendo que “fechar este gap é uma oportunidade estratégica”.
De acordo com o responsável, a cibersegurança deve ser encarada como uma estratégia de negócio e não como um custo, explicando que, no sector financeiro, quando um ataque se concretiza, as perdas financeiras são, em média, superiores a 6,08 milhões de dólares.
“Para além disso, há o impacto operacional e o risco reputacional, que podem comprometer a continuidade da instituição”, acrescentou.
Sérgio Lopes explica que o Ransomware (tipo de malware que bloqueia o acesso a dados ou sistemas e exige um resgate) e o Business Email Compromise (tipo de ciberataque em que criminosos se fazem passar por pessoas confiáveis para enganar funcionários e fazê-los realizar acções prejudiciais) são as ameaças à segurança cibernética de maior crescimento em África.
“Actualmente, o continente africano é a região do mundo que mais ataques sofre por organização, sendo que, no primeiro trimestre de 2025, em média, registaram-se 3.286 ataques/semana por organização, valores muito acima da média global. Em Angola, o BNA mitigou um ataque cibernético a 6 de Janeiro de 2024, sem impacto significativo – um alerta para o risco sistémico, que pode ser transformado em vantagem competitiva, através da colocação da segurança de dados no coração da confiança financeira e como necessidade para fortalecer a resiliência sectorial”, declarou o CEO da New Cognito.
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Durante o encontro, Sílvio Almada, presidente da Associação Angolana de Internet, reforçou que a segurança não é apenas uma escolha, mas a base da confiança, apelando à construção de uma cultura de responsabilidade digital.
Para o especialista, a protecção de dados deve assentar em políticas claras, capacitação técnica e compromisso institucional com a integridade e credibilidade do sector financeiro.
Já Ibra Seye, Senior Sales Manager da IBM, abordou a crescente complexidade na gestão de acessos em ambientes de nuvem híbrida, lembrando que “80% das violações de dados envolvem sistemas armazenados em cloud”, e defendeu a necessidade de controlos robustos e integrados com Inteligência Artificial e automação.
O representante da IBM também alertou para o facto de a adopção acelerada da Inteligência Artificial estar a ultrapassar os mecanismos de segurança, revelando que “62% das organizações não têm controlos de acesso adequados nos seus sistemas de IA”.
A Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA) foi distinguida como ‘caso de sucesso’ da primeira edição do Road to NCXP, pela adopção da solução IBM QRadar SIEM, que reforçou sua resiliência tecnológica e "posicionou a instituição como referência nacional em cibersegurança no sector financeiro".

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