Os sindicatos nigerianos suspenderam, nesta terça-feira, 04, a greve nacional iniciada no dia anterior, que perturbou, em grande medida, a vida no país, e anunciaram que foram retomadas as negociações com o governo sobre o valor do novo salário mínimo nacional.
A greve dos principais sindicatos, o Congresso Trabalhista da Nigéria (NLC) e o Congresso Sindical (TUC), ocorre num momento em que o país mais populoso de África enfrenta uma inflação crescente e uma desvalorização da sua moeda face ao dólar.
“A greve é suspensa por uma semana para permitir a conclusão das negociações”, anunciou o NLC, juntando-se ao apelo feito pelo TUC, ambos citados pela imprensa local.
Um pouco mais tarde naquele dia, descreve a imprensa local, os dois sindicatos ordenaram aos trabalhadores que “retornassem imediatamente aos seus respectivos locais de trabalho”.
“É mais do que necessário criar um clima propício à continuação das negociações sem obstáculos”, acrescentaram o NLC e o TUC num comunicado.
Actualmente, o salário mínimo nacional na Nigéria está fixado em 30 mil nairas (cerca de 20 dólares) e os sindicatos exigem que seja aumentado para 494 mil nairas (cerca de 300 USD).
Na manhã de terça-feira, durante o segundo dia de greve na capital Abuja, alguns funcionários ministeriais regressaram ao trabalho, mas a maioria dos escritórios e o edifício da Assembleia Nacional ainda estavam fechados, notaram jornalistas da AFP.
Membros do sindicato da aviação também se reuniram em frente ao portão fechado do aeroporto doméstico de Lagos, a capital económica do país.
Mas os voos internacionais operaram na manhã de terça-feira, de acordo com o porta-voz da Autoridade Federal de Aeroportos da Nigéria.
Perante a dimensão da greve, o governo publicou, na segunda-feira, 03, um “apelo aos sindicatos” para “continuarem as discussões” e alcançarem “uma solução pacífica”.
No final de uma reunião na noite de segunda-feira, foi acordado que o Presidente Bola Ahmed Tinubu “compromete-se a propor um salário mínimo acima de 60.000 nairas” e que as reuniões entre o governo e os sindicatos ocorreriam “todos os dias da próxima semana”.
Consequências de reformas
Na segunda-feira, trabalhadores mobilizados desligaram a rede eléctrica nacional, bloquearam voos domésticos e fecharam a maioria dos escritórios federais, portos, postos de gasolina e tribunais para exigir ao governo o aumento do salário mínimo.
Oito membros da selecção nigeriana de futebol ficaram presos devido a interrupções aéreas na segunda-feira e não puderam participar de um treino antes das eliminatórias para a Copa do Mundo, disse um porta-voz da equipa.
O NLC reúne dezenas de sindicatos com milhares de membros, desde funcionários públicos a professores, passando por trabalhadores dos petróleos e dos transportes.
Os sindicatos também protestavam contra a mexida nos preços da electricidade, que aumentou após reformas económicas introduzidas pelo Presidente Bola Ahmed Tinubu.
Desde que assumiu o poder, há um ano, Tinubu pôs fim aos subsídios aos combustíveis e aos controlos cambiais, levando a uma triplicação dos preços da gasolina e a um aumento do custo de vida, tendo a naira caído face ao dólar.
As medidas atingiram duramente o poder de compra da população, mas o governo pediu aos nigerianos que dessem tempo às reformas para darem frutos, dizendo que atraíram mais investimento estrangeiro.

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