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“O Angola Innovation Summit tem tido um grande reconhecimento internacional”

Cláudio Gomes
20/6/2023
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Foto:
Isidoro Suka

A quarta edição do Angola Innovation Summit (AiS) acontece de 20 a 24 de Junho de este ano, no formato híbrido (presencial e online) com duas sessões presenciais na Academia BAI, em Luanda.

José Bucassa é consultor em Angola e Portugal com formação em economia e finanças, e também com especialização na área de Inovação, com passagem pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT).

Em Julho de 2019, fundou o Angola Innovation Summit (AiS), evento que promove a consciencialização sobre a inovação, tecnologia, competitividade, modernização das organizações nos mercados dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP). Na entrevista abaixo, defende a criação de incentivos para estimular o surgimento de investidores “anjos” (individuais) ou institucionais visando impulsionar investimentos em startups e fintechs. Leia agora!

O Angola Innovation Summit (AiS) vai na 4ª edição. Que balanço faz da iniciativa desde o seu início?

O balanço é muito positivo. Oficialmente, o AiS foi lançado em Julho de 2019 durante o II Fórum para a competitividade e inovação num formato híbrido que decorreu na nossa plataforma e na Academia BAI, em Luanda.

Já em 2020, trouxemos um modelo considerado disruptivo em toda a Lusofonia Africana (PALOP), proporcionando visibilidade e eficiência tanto para especialistas como para as marcas parceiras e conveniência para os participantes. Assumimos também a realização do projecto numa vertente 100% digital com uma experiência digital imersiva uma vez que além dos conteúdos diferenciados e de escala internacional, trouxemos também um conceito de imersão digital diferente do que o mercado utilizava. Ou seja, fomos muito além dos Zooms e Teams. Implementamos uma plataforma própria do evento com uma equipa de suporte de desenvolvimento muito comprometida e, por isso, temos também fornecido essa solução tecnológica para algumas empresas em Angola e na África do Sul. Além de conferir comodidade e conveniência aos participantes sem qualquer limite geográfico, a nossa solução permite realizar activação de marcas em diferentes formatos.

Desde a primeira edição, tanto quanto sabemos do que acontece nos PALOP’s, tornamo-nos no maior projecto 100% digital sobre inovação e tecnologia com uma comunidade de mais de 100 experts internacionais, mais de 7 mil participantes de mais de 50 países alcançados. Hoje somos, portanto, o primeiro projecto neste segmento e os únicos com transmissão televisiva, alcançando assim centenas de milhares de pessoas.

O projecto AiS tem tido um grande reconhecimento internacional, o que reforça ainda mais a sua credibilidade. Por exemplo, fomos convidados para ser Community Partner do Annual Investment Meeting (promovido pelo Ministério da Economia dos Emirados Áreas Unidos) durante cerca de cinco anos; somos Community Partner da Inclusive Fintech Forum (que se realiza em Kigali, Ruanda); e Ecosystem Partner para Angola em relatórios internacionais sobre ecossistemas de inovação. Temos tido a capacidade de atrair experts de alto nível internacional e marcas multinacionais como a gigante tecnológica Dell Technology, que foi parceira master do AiS22 e geramos mais de 50 referências directas nos órgãos de comunicação social nacionais e internacionais (África e Europa, mais concretamente). São resultados animadores em três anos de implementação do projecto.

O que acontecerá de diferente em 2023?

A grande diferença é a dimensão híbrida que adoptamos este ano. O AiS23 vai decorrer de 20 a 24 de Junho, com dois dias presenciais, nomeadamente na Academia BAI, mantendo-se a mesma tónica na componente da experiência digital.

Porquê é que a organização propõe um evento híbrido?

Este é um milestone que já constava do nosso roadmap. Sem perder o nosso DNA, que tem a tónica na vertente da partilha e inspiração sem fronteira, com conhecimento especializado e experiência digital imersiva, a 4ª edição terá a componente presencial porque foi um pedido do mercado (audiência). Realizamos um survey e aferimos que havia o desejo da parte do mercado em acolher uma edição presencial do AiS, particularmente em Angola. Neste sentido, estamos a responder a necessidade do mercado.

Quais são as principais novidades?

Prefiro deixar esta curiosidade acesa (risos) mas posso adiantar que a nível de conteúdo, esta edição traz mais segmentação. Por exemplo, teremos três tracks, nomeadamente: (i) a track “Executive&Tech” – onde os executivos abordam as descontinuidades e as dinâmicas mundiais envolvendo o mundo dos negócios e a influência da tecnologia-; (ii) a track “MoneyON” - onde especialistas de referência na indústria financeira a nível mundial e nacional, e os representantes dos principais bancos, telco, e fintechs, abordarão a inovação financeira e as disrupções no sector financeiro-. (iii) A track “Startup Event” - onde especialistas de referência do ecossistema de empreendedorismo e startups de África, e dos PALOP em particular, abordarão as disrupções, tendências e caminhos para a aceleração do ecossistema, culminando com o PALOP Startup Challenge, que é uma espécie de liga dos campeões das startups dos PALOP, onde apenas competem startups em estágio Go-to-Market e/ou Growth que sejam vencedoras de algum concurso nacional de startups no seu país.

De que depende a mobilização de financiamentos para pequenas iniciativas tecnológicas?

Penso que o desafio de aceder ao financiamento é normal em qualquer ecossistema que esteja no estágio de activação, ou seja, como se encontra o ecossistema angolano. Existem factores estruturais que precisam ser melhorados com o tempo, tanto para que as soluções sejam efetivamente atractivas para captar investimento quanto para que se possa ter mais consciência sobre a importância de uma comunidade de investidores. E é também importante que sejam criados incentivos para estimular os investidores individuais (Anjos) ou institucionais (Venture Capital) a colocar recursos em projectos com estes que têm sempre um perfil de risco acentuado. Aliás, não é por acaso que os bancos não têm produtos de financiamento adoptados para este segmento.

Com o AiS, temos conseguido juntar startups e investidores. A título de exemplo, já passaram pela rampa de produtos do AiS, nas edições anteriores, cerca de 30 startups e duas Venture Capital Internacional, nomeadamente a Ingressive Capital e a Bamboo Capital Partners. Tivemos a oportunidade de promover e coordenar três reuniões entre duas startups angolanas (Socia e Lwei) com essas Venture Capital Firm, que referi. Certamente que, em tempo próprio, os investimentos fluirão.

A tecnologia é hoje considerada uma questão de sobrevivência e soberania dos Estados? Porquê?

De facto. Hoje, mais do que nunca, a adopção da tecnologia é um caminho sem volta e a transição digital dos países está cada vez mais na ordem do dia. Quanto a questão se é ou não uma questão de soberania, penso que no verdadeiro sentido da palavra a soberania é algo muito mais abrangente e a tecnologia pode ser vista aqui como sendo um “instrumento” a ser utilizado para defendê-la. Por exemplo, as medidas de cibersegurança para assegurar a integridade das instituições e infra-estruturas fundamentais dos países.  

Como olha para os investimentos públicos e privados em infra-estruturas de telecomunicações no país?

Infelizmente não consigo avançar números mais concretos porque na minha óptica há pouca disponibilidade de dados sobre esta matéria para o consumo público. Em todo o caso, pelo que observo e leio, nota-se o esforço e o desejo das organizações públicas e privadas em melhorar as condições de infra-estruturas de telecomunicações. No domínio público, o Angosat-2 é um exemplo de investimento público relevante em infra-esctruturas de telecomunicações com grande potencial para o País.

Em que medida esses investimentos contribuem para um ambiente de negócios tecnológico atractivo?

Penso que a criação de ambiente de negócio para qualquer sector ser atrativo não é um acto isolado. Existem outras condições estruturais que devem estar reunidas. Em stritu sensu, vejo alguns indicadores que sinalizam a criação de condições para um ambiente propício para produtos digitais. Por exemplo, o aumento do número de pessoas com acesso à Internet, o aumento do número de pessoas com telemóvel celular, o aumento do número de pessoas com computador em casa, entre outros, acabam por sinalizar uma base potencial para a demanda futura de produtos digitais.

Como inverter o actual quadro?

Criar condições para, acima de tudo, desenvolver o capital humano, pois é com este que as organizações terão a capacidade de ser mais competitivas particularmente com a adopção de processos optimizados com tecnologia.

Outras valência

José Bussaca é também economista de profissão, auditor financeiro, membro da Ordem dos Contabilistas e Peritos Contabilistas de Angola (OCPCA) e da Ordem dos Economistas de Portugal. Tem formação para o programa de certificação internacional em Future Foresight nível 1 e 2, de iniciativa do Global Innovation Management Institute (GIMI) e tem experiência como docente universitário em Angola.
O AiS disponibiliza conhecimento sobre inovação e tecnologia, experiência imersiva, visibilidade e networking qualificado, conectando renomados especialistas, líderes empresariais, policymakers, investidores, startuppers e acadêmicos em qualquer parte do mundo, com o foco de partilhar e inspirar sem fronteiras. Para o AiS, a inovação e a tecnologia são desafios e oportunidades globais.