Entramos numa era que passou a ser designada por “Era da Pós-verdade” ou era da desinformação, marcada pela disseminação nas redes sociais de informação manipulada, falsa, e muitas vezes caluniosa, onde a verdade dos factos é frequentemente escamoteada. As emoções e as crenças pessoais valem mais do que os factos objectivos. Quando se pensava que mais informação era mais conhecimento, é precisamente o contrário.
Bobby Duffy no seu livro “Os Perigos da Percepção” descreve algumas das percepções erradas que observou e analisa com bastante profundidade as causas para a existência de um tão grande fosso entre a percepção e a realidade. O advento Inteligência Artificial Generativa tornou ainda mais desafiante saber distinguir devidamente o real do falso.
Ignorância significa literalmente “não saber” ou “desconhecer”, mas “percepção errada”, pelo contrário, é um “conhecimento equivocado” da realidade. O perigo é que, por se acharem conhecedoras, as pessoas não duvidam, um instante que seja, das suas percepções.
Segundo o autor, não é só a informação desvirtuada que condiciona a percepção. Não estamos errados acerca do mundo que nos rodeia, só porque a informação viralizada nos engana. É também devido ao modo como pensamos. O maior entrave à formação de uma opinião correcta sobre o mundo é a resistência profunda do ser humano em evitar a dissonância cognitiva e a prescindir daquilo em que acredita.
A dissonância cognitiva ocorre quando uma pessoa tem duas ou mais cognições (pensamentos, atitudes, crenças) que são inconsistentes entre si, causando um desconforto psicológico. Muitas vezes para reduzir esse desconforto, a pessoa procura auto justificar-se. É o viés da confirmação já referido nesta coluna. Por exemplo, ter consciência do perigo de fumar e continuar a fumar, ou que os doces em excesso fazem mal e continuar a comê-los, ou comprar algo caro porque se convence a si mesmo que o merece.
São muitos os perigos das percepções erradas: na dificuldade de tomar decisões informadas e racionais, nas escolhas políticas, na deficiente percepção dos riscos da vida moderna, na prevenção e na saúde e na perda acentuada de confiança nas instituições.
É por isso importante desenvolver o pensamento crítico, criando o hábito de questionar sempre as fontes de informação e verificar cuidadosamente a veracidade dos factos, antes de partilhar qualquer informação.
Para ajudar o cidadão a mitigar os perigos da percepção na era da pós-verdade, é preciso promover fortemente a literacia mediática, para que possa interpretar devidamente os conteúdos mediáticos, mas mais urgente ainda, é a necessidade dissuadir o uso abusivo das redes sociais, tornando efectiva a sua sujeição ao Código Penal.

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