O Golfo da Guiné e as águas ao largo da Somália já não são os pontos mais temíveis da pirataria marítima global. Um recente relatório do Bureau Marítimo Internacional (BMI) aponta, agora, para o Sudeste Asiático como a mais crítica região da pirataria no mar.

“Se o número de incidentes diminuiu ligeiramente no Golfo da Guiné, passando de 14 em 2023 para 10 no primeiro semestre de 2024, esta zona marítima da África Ocidental continua a ser uma área de particular preocupação devido à violência dos actos perpetrado”, sublinha o director do BMI, Michael Howlett, citado pelo portal marroquino Le360. 

Dos 11 casos de sequestro de tripulantes registados em todo o mundo entre Janeiro e Junho deste ano, 10 ocorreram no Golfo da Guiné em dois incidentes distintos. Perante esta ameaça persistente, o BMI reitera a necessidade urgente de um reforço da presença naval regional e internacional para responder a estes actos de pirataria e preservar vidas humanas no mar.

Longe da costa africana, a pirataria marítima está a tomar um rumo preocupante no Sudeste Asiático. Embora os actos de pirataria estejam a diminuir ao largo da costa da Somália e no Golfo da Guiné, certas regiões da Ásia estão a assistir a um aumento dos números, muito para além das áreas africanas. 

O estudo do Bureau Marítimo Internacional relativo ao primeiro semestre de 2024 refere que o Estreito de Singapura e as costas indonésias representam mais de dois terços dos incidentes relatados.

O Estreito de Singapura e as águas indonésias, pontos estratégicos das rotas marítimas mundiais, concentram novas fontes de insegurança para o tráfego internacional. Uma tendência que levanta sérias preocupações económicas e geopolíticas.

As estatísticas do BMI realçam que, se apenas foram registados 18 incidentes ao largo da costa de África, só a região do Leste e Sudeste Asiático é responsável por 29 casos. Contas feitas, está-se perante um salto de quase 40% em relação ao mesmo período de 2023.

O arquipélago indonésio é particularmente afectado, com 12 incidentes relatados, o nível mais elevado desde 2021. Um claro aumento nos assaltos à mão armada nas águas territoriais deste vasto país insular. 

O vizinho Bangladesh também está a viver ocorrências preocupantes, passando de 1 para 10 incidentes num ano, reporta o Le360 a partir dos dados do relatório .

O Estreito de Singapura, rota marítima vital que liga o Oceano Índico ao Mar da China Meridional, também está na mira dos piratas, com 13 ataques registados. Um número em queda mas que esconde um aumento da violência: registos de tripulantes feitos reféns, uso de armas de fogo e branca.