A pobreza extrema, definida como viver com menos de US$ 2,15 por dia, permanece como um dos maiores desafios globais. Embora a África Subsaariana abrigue apenas uma fração da população mundial, concentra a maioria das pessoas em situação de extrema pobreza, com números que continuam a crescer devido a crises económicas, instabilidade política, impactos climáticos e limitações estruturais nos sistemas de educação, saúde e infraestrutura. O ciclo é profundo: famílias que mal conseguem suprir necessidades básicas dificilmente encontram oportunidades para quebrar a corrente da pobreza e alcançar estabilidade.
Entre as várias abordagens possíveis para enfrentar esta realidade, os chamados Graduation Programs têm se destacado pela sua eficácia e sustentabilidade. Esta metodologia parte do princípio de que a pobreza extrema não se resolve apenas com transferências monetárias ou ações pontuais. Ao contrário, requer um processo estruturado e sequencial que combina apoio imediato ao consumo, transferência de ativos produtivos, formação prática, acompanhamento intensivo e inclusão financeira, geralmente ao longo de um período de 18 a 36 meses.
O conceito de “graduação” refere-se à transição de um estado de vulnerabilidade extrema para um patamar de autossuficiência, no qual as famílias conseguem gerar renda de forma estável, administrar seus recursos, investir no futuro e resistir a choques económicos. O diferencial desta abordagem está no desenho integrado: começa garantindo as necessidades básicas para criar estabilidade mínima, depois transfere ativos e capacita as pessoas para os gerir com eficiência, oferecendo ao mesmo tempo acesso a serviços financeiros e ligação a mercados que possam absorver sua produção ou serviço.
A experiência de vários países africanos demonstra que o modelo funciona. Em Uganda, Ruanda e Etiópia, programas dessa natureza resultaram em aumentos significativos no consumo das famílias, na acumulação de ativos e no volume de poupanças, efeitos que continuaram a ser observados mesmo anos após o fim do apoio direto. Organizações que implementam esta abordagem relatam não apenas melhoria económica, mas também ganhos na autoestima, maior participação das mulheres nas decisões familiares e maior resiliência frente a crises.
Num contexto como o africano, onde grande parte da população vive em zonas rurais e depende de economias informais, priorizar Graduation Programs é mais do que uma opção de política pública, é uma estratégia inteligente de desenvolvimento socioeconómico. Ao integrar alívio imediato com construção de capacidades e acesso a oportunidades, estes programas não apenas mitigam a pobreza temporariamente, mas criam rampas reais para que famílias e comunidades ascendam de forma sustentável.
O desafio agora é ampliar a escala. Para que o impacto seja verdadeiramente transformador, é necessário compromisso político, financiamento consistente e parcerias entre governos, setor privado e organizações da sociedade civil. Com o alinhamento certo, a abordagem de graduação pode ser a ponte que faltava entre a assistência social tradicional e a plena inclusão económica, garantindo que a pobreza extrema deixe de ser um destino inevitável para milhões de africanos.

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