Para o economista Augusto Fernandes, a medida do BNA é muito tímida, e considera que a actual taxa de juro de 17% ainda é alta e alerta para a não criação de muitas expectativas de reacção na economia real.
“Estamos a dizer que houve uma descida da taxa de juro em um ponto percentual, não se espera uma reacção efectiva do mercado. Se o BNA tomou uma medida prudente quer dizer que o resto do mercado vai também de forma prudente absorver este sinal que o banco central deu para o resto da economia”, acrescentou.
Sobre o impacto da decisão do BNA no crédito, Augusto Fernandes adianta que a medida é insuficiente para influenciar ou causar grandes diferenças no palco de créditos do país. “Não é por isso que vamos ter mais crédito na economia real”, rematou.
Apesar do “insignificante” impacto na economia, Augusto Fernandes considera que a medida é positiva e vem dentro daquilo que é a expectativa do mercado porque a taxa de juros do BNA serve como uma medida de freio para as situações macroeconómicas que quer regular, cujo o principal foco é a inflação.
"À medida que a inflação vai atingindo níveis muito baixos há uma tendência natural do BNA ir ajustando aquilo que são os níveis de taxa de juros directora da economia”, disse.
Augusto Fernandes acrescenta que o BNA pode aproximar mais a taxa de juros directora da economia aos níveis de inflação do período, se tivesse que baixar a um nível igual a 14% ou 13% seria muito bom e aí de facto a população sentiria os efeitos da redução daquilo que é a taxa de juros.
O também consultor económico, acrescenta que o BNA sabe que o mercado está com alguma adversidade e Angola importa inflação, a Europa está inflacionada o mundo está inflacionado nesta altura e os adventos que acontecem ao redor do mundo recomendam uma certa prudência na medida.
“O BNA está a fazer o seu trabalho da melhor forma mas no entanto precisamos ter políticas mais ousadas para podermos atingir aquilo que são os objectivos que o estado angolano propõem na constituição que é a melhoria da condição da população”, disse.
César Marcelino, economista, aponta que ao reduzir a taxa de juros o BNA está a dar sinal de uma política monetária expansionista, que é ver as questões de acesso ao crédito facilitadas.
O BNA entende que não existem riscos de inflação, a literatura clássica económica relaciona a taxa de juros básica à taxa de inflação de forma inversamente proporcional. César Marcelino acrescenta ainda que em comparação com as outras geografias a taxa de 17% é muito elevada, e deve ser comparada com a inflação.
“A inflação é inferior em relação a esta taxa de juros que a grosso modo não só incentiva os detentores de poupança a colocarem os capitais aos bancos, pois o retorno real será positivo ao mesmo tempo que havendo redução da taxa a ser aplicada aos investidores terá um custo de aquisição reduzido”, disse.
Assim sendo, César Marcelino realça que nestas duas vertentes há mais ganhos para os dois lados, ganho para quem precisa do financiamento e ganho para quem deposita poupanças nos bancos porque o valor desta taxa ainda está acima da taxa de inflação.
Por sua vez, o também economista Carlos Lumbo afirma que a decisão do BNA se enquadra numa série de medidas de relaxamento monetário que iniciou em Maio de 2022, tendo havido uma rápida diminuição da taxa mensal de inflação, durante o semestre do referido ano. A taxa mensal, disse, atingiu o mínimo em Agosto e desde então tem vindo a subir lentamente.
O economista Carlos Lumbo partilha da opinião de Augusto Fernandes ao afirmar que a incerteza que paira sobre a conjuntura internacional, tornam conveniente que haja prudência. Podem ser consideradas como prudentes, as medidas que têm sido tomadas pelo BNA, na medida em que se trata de movimentos pequenos.
“As medidas de política monetária têm impacto retardado, de 4 a 6 meses. Essas medidas, de redução das taxas de juro, começaram a ser tomadas há bastante tempo, sendo que se trata de pequenos toques, nos instrumentos, e dadas as deficiências estruturais do nosso sistema financeiro, os impactos serão relativamente pequenos”.
Porém, afirmou, contribuem para apoiar o investimento e o crescimento económico. Os instrumentos são fracos, mas ao menos contribuem para o almejado apoio ao investimento.

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