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PATROCINADO

Revistos limites operacionais da gestão do Parque do Iona. PR quer turismo rentável

Victória Maviluka
20/11/2025
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Foto:
DR

Elenco governativo não deixa sombra de dúvidas que a sua política de atracção de turismo em Angola tem a província do Namibe como o epicentro.

O Executivo angolano e a African Parks reviram, nesta quarta-feira, 19,  em Luanda, a parceria de co-gestão do Parque Nacional do Iona, localizado na província do Namibe, tendo o encontro servido para um melhor alinhamento sobre os limites operacionais definidos pelo contrato vigente.

A reunião, que contou com a participação da ministra do Ambiente, Ana Paula de Carvalho Pereira, e do CEO da African Parks, Peter Fearnhead, serviu, igualmente,  para a apresentação da nova equipa da African Parks, que passará a trabalhar directamente com os responsáveis do Ministério do Ambiente. 

O Parque Nacional do Iona, realça o Ministério do Ambiente, é um dos mais relevantes parques nacionais de Angola. Localizado no sudoeste do país, na província do Namibe, caracteriza-se por paisagens desérticas e semi-desérticas que incluem dunas, montanhas e extensas planícies.

A herpetofauna é especialmente significativa, com 63 espécies de répteis, das quais oito são estritamente endémicas. O parque é igualmente lar da emblemática Welwitschia mirabilis, uma das plantas mais antigas e resilientes do planeta.

Ministra Ana Paula de Carvalho Pereira e o CEO da African Parks, Peter Fearnhead

PR quer turismo rentável

O turismo tem-se destacado na agenda da governação de João Lourenço. Numa visita realizada, este ano, em Mavinga, capital da nova província do Cuando, o Presidente da República anunciou um projecto de turismo ecológico, a exemplo do que acontece em países como Namíbia, Zâmbia e Zimbabwe.

“Muitos angolanos e estrangeiros têm ido visitar os parques que esses países têm, e que são uma importante fonte de recursos (...) Pretendemos seguir o caminho que eles seguiram (...). Para isso, temos que abrir um concurso para a concessão da gestão dos dois grandes parques que esta província tem: o parque de Mavinga e o do Luengué-Luiana”, avançou.

Em resposta à sua própria diplomacia turística, João Lourenço elegeu a província do Namibe, conhecida pelo potencial paisagístico das suas praias e deserto, para gozar, neste ano, o fim-de-semana prolongado de Páscoa, numa visita de cariz privado.

O elenco governativo não deixa sombra de dúvidas que a sua política de atracção de turismo em Angola tem a província do Namibe como o epicentro. Aliás, não é por acaso que, em menos de um ano, João Lourenço deixou Luanda para passar alguns dias naquelas paragens do litoral Sul do País.

Há razões naturais e não só que fundamentam esta escolha. Entre as mais recentes manifestações desta aposta estão as novas instalações do Parque Nacional do Iona, que o PR inaugurou, em Maio do ano passado, sob os desígnios de local se tornar uma âncora para o desenvolvimento do turismo.

Eis alguns dos créditos da infra-estrutura ambiental, cultural e turística: um parque que ocupa o centro do deserto do Namibe com uma área de 15.150 quilómetros quadrados, onde se encontra uma das maiores dunas do mundo, a Duna 7, com cerca de 383 metros.

Além das elevações de areia formadas pelo acúmulo de areia transportada pelo vento que o local proporciona, há mais motivos de atracção turística que o Parque Nacional do Iona oferece a quem o visita: a Welwitschia Mirabilis, uma rara espécie de flora que habita no deserto do namibense.

Na visita que efectuou, no ano passado, à província que tem à cabeça Archer Mangueira, João Lourenço atraiu a atenção da media mobilizada para a sua jornada de campo ao apreciar, num percurso de motorizada, com Ana Dias Lourenço ao reboque, as belezas paisagísticas e a biodiversidade das referidas dunas.

A agenda de trabalho presidencial com o Turismo no centro das atenções passou, ainda, pelo testemunho do lançamento de 13 girafas e de outras espécies animais adquiridas para o (re)povoamento do Parque Nacional do Iona.

“Turismo não é só para estrangeiros”, diz PR

“Temos que ganhar o hábito de fazermos turismo também na nossa própria terra”. O apelo foi feito por João Lourenço quando percorreu, de motorizada, em Maio de 2024, as dunas do Parque Nacional do Iona, província do Namibe.

Em breves declarações após a viagem, feita no quadro da inauguração de infra-estruturas do Parque do Iona, o Chefe de Estado afirmou que “turismo não é só para estrangeiros”, pelo que convidou os angolanos a visitarem o referido parque.

“Eu dispus-me a vir andar de mota de quatro rodas aqui nas dunas para ver se incentivo, em primeiro lugar, a nossa juventude, mas, de uma forma geral, os cidadãos angolanos a fazerem turismo”, declarou, na ocasião, o Presidente da República.

Disse não ser a primeira vez que andou em dunas em mota de quatro rodas, tendo-o feito já em Bazaruto, em Moçambique: “Esta é a segunda vez, de forma que estava perfeitamente à vontade. O único inconveniente é a hora que escolhemos; está um sol abrasador, o ar está muito quente. Tirando isso, é muito agradável”.

João Lourenço apelou para uma maior atenção aos parques do Luengué-Luiana e Mavinga, os quais considerou os maiores do País, assim como o da Cameia, também na província do Moxico, bem como outros parques, de Cangandala, o do Luando e outros e pô-los ao serviço do turismo. 

“O outro passo a dar é organizar o concurso público para a concessão desses grandes parques de conservação e reservas naturais”, avançou o Presidente da República.

Namibe saúda nascimento de crias de camelos

Já é uma realidade a reprodução, na Estação Zootécnica de Caraculo, no Namibe, de camelos oriundos dos Emirados Árabes Unidos, num projecto com cunho de uma parceria público-privada. 

Com olhos no fomento do turismo, as autoridades provinciais saudaram, no final do ano passado, o aumento da população de camelo para 110, sendo nove dos animais crias nascidas já em Angola.

“Desde a chegada [a Angola], os camelos estão a evoluir de forma satisfatória, contando com o auxílio de equipas especializadas para tratar dos animais”, afirmou Abel Kapitango, vice-governador do Namibe.

A direcção provincial do Namibe está a idealizar a criação de um espaço para viabilizar o convívio de turistas com os camelos na zona desértica, tendo uma equipa técnica, composta por quadros dos Ministérios do Ambiente e do Turismo e do Governo Provincial, feito já o reconhecimento na zona do Parque Nacional do Iona para a identificação do local.