As empresas do sector da ectricidade em Angola registaram um prejuízo de 94,7 mil milhões de kwanzas em 2022, de acordo com os dados do relatório agregado do Sector Empresarial Público (SEP), recentemente divulgado pelo Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE).
Os prejuízos das empresas do sector da electricidade aumentaram em 103,3% se comparado com o exercício económico de 2021 quando os resultados no final do período se fixaram em 46,6 mil milhões de kwanzas negativos. Em 2020 as contas do sector também estiveram mergulhadas no vermelho, na ordem dos 141,6 mil milhões de kwanzas.
Do resultado observado em 2022, segundo o SEP, destaca-se a ENDE, única empresa com o resultado líquido negativo na ordem dos 128,5 mil milhões de kwanzas, que explica 79,1% do resultado global, absorvendo o desempenho positivo da PRODEL 16,5%; RNT 4,3% e ENCEL 0,03%.
ENDE em falência técnica
Importa referir que a ENDE registou um capital próprio negativo de 127,9 mil milhões de kwanzas e um passivo corrente que excede o activo corrente em 247,4 mil milhões de kwanzas em 31 de Dezembro de 2022. Segundo o documento do SEP, estas circunstâncias indicam a existência de incerteza que pode colocar em causa a capacidade da empresa em continuar o seu curso normal de negócios.
Neste contexto, lê-se no documento, a continuidade da empresa está dependente do apoio a prestar pelo Estado e da realização de futuras operações lucrativas.
Quanto à qualidade de facturação, a ENDE não atingiu os níveis esperados apesar de ter registado um aumento em 10,5% face a 2021. As perdas comerciais estiveram na ordem dos 16%, menos 6 pontos percentuais (pp) que o período homólogo.
O Conselho Fiscal afirma que o desempenho da ENDE no domínio dos recursos humanos, no período em análise, não foi satisfatório. O número de trabalhadores esteve acima da meta em 8%, correspondendo a um acréscimo de 110 trabalhadores em relação a 2021, embora tenha se verificado aumento no número de trabalhadores o mesmo não se reflectiu no aumento das receitas da empresa.
Em 2022, o desempenho económico da empresa não foi satisfatório tendo em conta o resultado operacional negativo na ordem dos 88,2 mil milhões de kwanzas.
Do ponto de vista financeiro, as receitas provenientes da venda de energia estiveram abaixo do previsto no orçamento de 2022 em 32% e as disponibilidades imediatas no final do período registaram um aumento de 98% em relação a 2021.
Na relação com terceiros, registou-se o crescimento da dívida de clientes e com fornecedores e credores diversos na ordem dos 19% e 6,10% respectivamente.
As perdas comerciais estiveram acima da meta em 7pp isto é registou-se em 16% dos 9% inicialmente previstos.
O índice de cobrança esteve abaixo da meta em 15pp isto é registou-se em 60% dos 75% previstos. A cobrança da dívida acumulada de clientes em 2022 esteve abaixo da meta em 53%.
De um modo geral, segundo o IGAPE, o activo do sector de electricidade cresceu 21,7%, face ao activo de 2021, fruto, por um lado, do aumento da dívida de clientes, na Prodel (113.9%) e na RNT (11,4%), essencialmente da dívida acumulada desta última à primeira e da ENDE à RNT.
O aumento do Passivo em 16,4% em relação à 2021, foi influenciado pelo acréscimo dos compromissos com fornecedores e responsabilidades para com o Estado (55,6%), bem como por outras obrigações (34,8%) e provisões (7,4%), que, somados, explicam 97,3% da variação registada.

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