Já é longa a maratona pela procura do resgate dos tempos áureos do basquetebol angolano em África. O País que detém, de longe, a mais cobiçada galeria da ‘bola ao cesto’ continental, o ‘papão’ dos troféus do Afrobasket, não consegue voltar a sorrir faz expressivos 11 anos.
A última vez foi em 2013. De lá para cá, o ‘basket’ anda em ‘queda livre’, com resquícios também na ausência da maior manifestação desportiva a nível do planeta: os Jogos Olímpicos, onde os hendecampeões não ‘pisam’ há três edições, já lá vão mais de 10 anos.
Não obstante o frequente desejo do regresso às conquistas em África, estão ainda por se conhecer as reais razões que desencadearam esta brusca descida de Angola no topo do basquetebol, sobretudo, continental.
Alguns aficionados apontam o dedo crítico para uma alegada descaracterização do basquetebol nacional, outros para supostos problemas de organização da modalidade e há ainda quem alegue que Angola estará a viver uma crise de talentos.
Certo mesmo é que, do lado da navegação, os angolanos se têm deparado, cada vez mais, com cenários que agravam e comprometem o sonho da conquista do 12.º troféu africano (o Egipto e o Senegal têm apenas 5 títulos cada um).
Apesar de a Tunísia estar a dar mostras de assumir o domínio do basquetebol continental, após triunfar nas últimas duas edições do Afrobasket, é a ascensão do Sudão do Sul - a melhor selecção africana no actualizado ranking da FIBA-Mundo - que parece mais preocupar as hostes angolanas.
Mesmo sem troféu do Afrobasket, os sudaneses do Sul estão com um conjunto que vai impondo algum respeito às principais potências do basquetebol mundial.
Das mais sonantes provas de demonstração do nível competitivo do Sudão do Sul constam a presença nos recém-terminados Jogos Olímpicos, após brilharete no Mundial 2023, que lhe garantiu o acesso directo aos Jogos de Paris, e a réplica que protagonizou numa partida de preparação com o ‘dream team’ dos Estados Unidos, ao perder por escassos 101-100.
Esta prestação sudanesa e o domínio tunisino em África constituem preocupação bastante para os angolanos, que, mesmo jogando em casa no próximo Afrobasket, terão que se aplicar ao fundo para suplantar selecções que lhes já não reconhecem o estatuto de quase imbatíveis que granjearam por longas décadas em África.
Contando com um conjunto renovado, que deve ser liderado pelo agora jogador dos Toronto Raptors, da NBA, Bruno Fernando, os aficionados da modalidade anseiam que o Afrobasket de Luanda - 18 anos depois - marque o regresso de Angola ao pódio africano.
Fora das quadras, parece haver reforço à altura para que o sonho angolano da recuperação do troféu africano vingue. É que, em 2025, o País celebrará 50 anos de Independência, tendo sido isso, aliás, uma das principais razões que afastaram, em época de 'aperto' financeiro, quaisquer sinais de receios do Executivo com custos inerentes à realização de uma prova com a envergadura do Afrobasket.
Dir-se-á que, com esta conjugação de esforços e cenários - jogar em casa, diante do seu público e a celebrar os 50 anos da Dipanda -, Angola está proibida de falhar e comprometer os objectivos que apontam única e exclusivamente para a conquista do ‘ouro’.

Muitas incertezas fora e dentro da quadra
Se no capítulo logístico (pavilhões, sobretudo) não há, em princípio, muito que se desdobrar para acolher as selecções que competirão no africano, no plano competitivo, há ainda algumas incertezas à volta do que será a Selecção que se vai apresentar no Afrobasket2025.
A começar pelo rosto que irá comandar tecnicamente o hendecampeões africanos, terminado que está o vínculo contratual com o treinador espanhol Josep Clarós.
Este dossiê, por sua vez, remete à aguardada definição do elenco que vai dirigir os destinos da Federação Angolana de Basquetebol (FAB) por altura do próximo Afrobasket.
Em ano de fim de ciclo olímpico, a FAB vai, em Novembro próximo, a eleições. Dois nomes estão, desde já, confirmados como concorrentes ao pleito e uma recandidatura do actual presidente da instituição é um dado quase certo.
Mas, para um pleito que está ainda por se convocar, não é de descartar que mais nomes possam surgir a concorrerem ao cadeirão máximo de uma das modalidades mais apreciadas dos angolanos.

Ex-capitão, realizador de eventos e empresário na corrida
Carlos Almeida, Henrique Miguel ‘Riquinho’ confirmam, em declarações exclusivas à revista Economia & Mercado, que querem o trono da Federação Angolana de Basquetebol.
O primeiro é um rosto conhecido da modalidade, com vários troféus continentais na galeria pessoal - foi ele, enquanto capitão, que ergueu o último troféu do Afrobasket, em 2013. Depois de anos nas vestes de secretário de Estado dos Desportos, o ex-capitão da Selecção Nacional quer emprestar a sua experiência de campo para mostrar como se ganha um Afrobasket, agora como dirigente.
A percorrer os 47 anos, não esconde a preocupação com o actual rumo da modalidade. Carrega desalento nas palavras, mas transmite confiança numa reviravolta, caso ganhe as eleições do final do ano.
“A pretensão é, fundamentalmente, a necessidade de nós resgatarmos a nossa modalidade, que, neste momento, se encontra num marasmo”, descreve o ex-extremo base da Selecção Nacional.
Não tem dúvidas de que a decisão de avançar é irreversível: “Nesta altura, já nem é momento para recuos (...). Vamos para concorrer!”, declara Carlos Almeida.

Ganhar o pleito com “várias estrelas” da modalidade
Henriques Miguel 'Riquinho' é um nome associado à cultura nacional, segmento com o qual conseguiu a aproximação do basquetebol através da realização de eventos desportivos e de incentivos à Selecção Nacional.
Riquinho, o homem da Casa Blanca, sente-se, por conseguinte, um membro da ‘família’ do basquetebol nacional, com um legado que acredita reunir legitimidade para reivindicar o cadeirão máximo da modalidade.
“É, sim, minha pretensão, logo que o processo abra, apresentar a minha candidatura”, afirma, sem titubear, sobre o sonho de dirigir a Federação Angolana de Basquetebol.
Conta à E&M as motivações da sua pretensão: “As nossas linhas de força são o resgate das vitórias do basquetebol, nomeadamente ganharmos campeonatos africanos, competições africanas; aposta num treinador nacional e a união da ‘família’ do basquetebol”.
Não dá detalhes dos nomes com os quais espera convencer o eleitorado, mas avança que está reunido de “várias estrelas do basquetebol” e de “vários representantes das províncias de maior destaque” da modalidade.

Dar de bandeja saneamento financeiro e Afrobasket?
Quando, em Novembro de 2020, o empresário Moniz Silva assumiu os destinos da Federação Angolana de Basquetebol, substituindo uma Comissão de Gestão constituída após Hélder Cruz ‘Maneda’ ter pedido demissão, a FAB encontra-se entalada em dívidas.
O mais sonante passivo encontrado pelo conhecido empresário do segmento farmacêutico foram os cerca de 350 mil dólares referentes ao contrato com o ex-treinador da Selecção Nacional, o americano William Voigth.
“Nós fomos liquidando as dívidas. A principal dívida foi a do Voigth, liquidámos. Mas havia um atraso da segurança social dos trabalhadores, de 2011, 2012… e fomos liquidando, e também [dívidas com] o imposto sobre rendimento de trabalho, pois as pessoas, durante aqueles anos todos a trabalhar, podiam ter necessidade de ir para reforma e não estava paga. Depois, havia dívidas com treinadores locais e, à medida que fomos tendo disponibilidade, fomos liquidando”, afirma o actual presidente da FAB.
Jura, a pés juntos, que, nesta altura, a Federação não tem passivos antigos: “Dívidas antigas já não existem, principalmente com a segurança social dos trabalhadores. Atrasadas já não existem, se houver, são frescas, novas”.
Questionado pela Economia & Mercado se pensa recandidatar-se à direcção da FAB, Moniz Silva diz que está concentrado em realizar a assembleia geral do órgão, marcada para 26 do corrente mês, que servirá, igualmente, para a convocação das eleições e a consequente constituição da Comissão Eleitoral, que conduzirá o pleito de Novembro próximo.
“Vou realizar, tranquilamente, a assembleia e, durante a assembleia, vou ponderar e, depois da assembleia, tomo a minha posição”, refere o empresário.
Não obstante esta indefinição, é pouco provável que o homem que dirigiu o processo de saneamento financeiro da FAB e que liderou o processo de candidatura ao Afrobasket2025 entregue, de bandeja, o trono da Federação à navegação…

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