O aumento do tráfego marítimo e os avanços tecnológicos ligados à complexidade na perfuração indicam que o sonho de um túnel subaquático ligando Marrocos à Espanha poderá ser uma realidade nos próximos anos.
Agora que a tecnologia tornou possível enfrentar os desafios colossais da perfuração profunda e da segurança sísmica, escreve o portal marroquino Le360, este projecto faraónico está a ressurgir, com a data de conclusão prevista para 2040.
Há motivações para um novo impulso ao projecto: em Janeiro e Fevereiro de 2025, mais de 731.000 passageiros cruzaram o Estreito de Gibraltar, um recorde saudado pela Autoridade Portuária de Cádiz, assim como os volumes de carga sem precedentes.
Essa dinâmica reacende o debate em torno desse corredor estratégico orçado, agora, em 15 mil milhões de Euros (17,3 mil milhões de dólares) dólares, projectando-se como uma verdadeira ponte entre a África e a Europa, escreve-se o portal, que cita a revista Challenge.
Pela primeira vez, uma especificação concreta está sobre a mesa, com uma visão clara: um túnel ferroviário de 60 quilómetros, 28 km dos quais ficarão submersos no Mediterrâneo — quase 10 km a mais que o Eurotúnel.
Esta ligação sem precedentes entre Tânger e Algeciras incluiria três galerias separadas, uma para passageiros, uma para mercadorias e uma para ferrovia, com uma secção inicial de mão dupla antes de uma extensão de mão dupla, noticia o Le 360.
O projecto, que estava congelado há muito tempo, finalmente está a sair das sombras, com a empresa estatal espanhola Secegsa a liderar dois estudos importantes, com conclusão prevista para Setembro do corrente ano.
O primeiro, confiado à Herrenknecht Ibérica, analisa os solos do sill Camarinal para definir o método de perfuração; o segundo, realizado pela Marinha Espanhola, avalia a sismicidade da área por meio de uma campanha de monitoramento de seis meses.
O financiamento, por sua vez, está estruturado em 100.000 euros em 2022, 750.000 euros em 2023 e 2,7 milhões de euros em 2024, grande parte dos quais provenientes de fundos europeus.
O projeto, segundo o portal marroquino consultado pela revista Economia & Mercado, seria cofinanciado pelos dois reinos, com forte apoio da União Europeia.