IFC Markets Live Quotes
Powered by
3
1
PATROCINADO

UNCTAD alerta para impacto de maior procura de cobre no mercado mundial

Hermenegildo Langa
14/5/2025
1
2
Foto:
DR

Segundo a UNCTAD, a procura de cobre deverá aumentar 40% até 2040, mas a oferta actual continua a ser difícil.

A Organização das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) afirma que a indústria mundial do cobre está a entrar numa fase crucial que exige mais produção, mas também estratégias de crescimento mais inteligentes e inclusivas, orientadas para a tecnologia.

Segundo a UNCTAD, com uma procura de cobre que deverá aumentar 40% até 2040, a oferta actual continua a ser difícil, especialmente porque a China domina a transformação deste mineral crítico e os países em desenvolvimento continuam limitados às exportações de matérias-primas se não forem procuradas mais oportunidades de valor acrescentado.

Neste sentido, a UNCTAD apela a políticas comerciais mais inteligentes, ao investimento e à reciclagem para colmatar o défice de fornecimento de cobre a nível mundial, para que a mudança do mundo para as energias limpas e as infra-estruturas digitais não fique estagnada.

Numa publicação intitulada: “Global Trade Update”, divulgada há dias, a UNCTAD, citada pela Engineering News, refere que, “para satisfazer o aumento previsto de 40% da procura até 2040, serão necessárias 80 novas minas de cobre e 250 mil milhões de dólares de investimento até 2030, tendo em conta os longos prazos de desenvolvimento da indústria”.

Mais de metade das reservas mundiais de cobre estão localizadas em cinco países - Rússia, Austrália, Chile, Peru e República Democrática do Congo - mas a maior parte do valor é acrescentado noutros locais.

A China importa 60% do minério de cobre mundial e produz mais de 45% da oferta mundial de cobre refinado.

A quota da Ásia, liderada pela China, na refinação global de cobre triplicou em três décadas, passando de 10,8 milhões de toneladas em 1990 para 26,6 milhões de toneladas em 2023.

Para a UNCTAD, muitos países ricos em recursos naturais estão presos na base da cadeia de valor, exportando matérias-primas mas incapazes de se industrializar, o que sublinha a necessidade de investimento em infra-estruturas, competências e políticas comerciais específicas.

De acordo com a directora de comércio internacional e commodities da UNCTAD, Luz Maria de la Mora, o cobre já não é apenas uma commodity, mas um activo estratégico.

“O mercado expõe as assimetrias de poder que moldam o comércio global. É por isso que precisamos investir na adição de valor local, aumentar a reciclagem e eliminar as barreiras comerciais que limitam as oportunidades”, afirma.

De la Mora acrescenta que o desenvolvimento do cobre pode impulsionar o aumento do comércio para muitos mercados emergentes, incluindo os esforços de reciclagem. Em 2023, 4,5 milhões de toneladas - ou quase 20% do cobre refinado global - vieram de fontes secundárias.

Os EUA, a Alemanha e o Japão são actualmente os principais exportadores de sucata de cobre, enquanto a China, o Canadá e a Coreia do Sul lideram as importações.

Entretanto, para os países em desenvolvimento, a reciclagem de cobre é vista como uma oportunidade estratégica. Por isso, a UNCTAD entende que “a criação de capacidades locais pode reduzir a dependência das importações, diminuir as emissões e apoiar práticas de economia circular para proteger o ambiente e utilizar os recursos de forma mais eficiente”.

Adicionalmente, a organização conclui que o cobre é um caso de teste para a gestão de materiais críticos em meio a tensões comerciais globais, cadeias de suprimentos fragmentadas e políticas industriais em constante mudança.

Para o efeito, a UNCTAD apela a estratégias comerciais e industriais mais inteligentes, incluindo licenças simplificadas, tarifas reduzidas e mais cadeias de valor regionais, para ajudar os países em desenvolvimento a subir na cadeia de valor e a partilhar de forma mais equitativa as transformações energéticas e tecnológicas.